Na minha janela - Maio de 2014
Hoje acordei com uma vontade imensa de ouvir Jack Johnson (JJ, para os amigos). Já não me lembro quando foi a última vez que o ouvi, sei que a certa altura deixou de me apetecer a sua voz, as suas músicas e as suas letras. Não sei explicar a razão. Não acredito naquela coisa do não devemos voltar aos sítios onde já fomos felizes, muito menos às músicas que já nos deixaram felizes ou marcaram vários momentos. O que é certo é que a determinada altura deixou de me fazer sentido ouvi-lo. Até hoje. Passei a manhã a percorrer canções e a cantar todas as letras, descobrindo não apenas que a minha memória não está assim tão má como às vezes parece, mas também que o JJ será sempre um velho amigo, daqueles que até podemos estar anos sem ver, tendo a certeza de que a intimidade e a sintonia continuam no momento exacto do reencontro.
Hoje, ao cantar juntamente com ele, fui desfiando memórias mais ou menos felizes: as viagens de carro ouvindo a sua música, os últimos Verões antes da entrada definitiva na vida adulta, aquele concerto em Barcelona, os miúdos ainda com cara de criança, o mais velho com o cabelo à tigela, o mais novo sempre agarrado a mim. O (verdadeiro) último Verão da avó e o cuidado que sempre tínhamos em pôr a música mais baixo quando ela ia dormir. A Primavera e o início do Verão em Roma. Lagos e a Meia-Praia. A Mary-Mary pequenina, ao meu colo, a dançar ao som da Bubble Toes. As lágrimas que as suas melodias iam encobrindo, sempre que chorava sozinha no quarto, durante aqueles anos difíceis (que teimam em não passar).
Hoje, mesmo não sabendo muito bem porque o deixei de ouvir, dei por mim a sorrir várias vezes e fiquei feliz com o nosso reencontro.
We get each other. We know that Plato's cave is full of freaks demanding refunds for the things they've seen!
3 comentários:
Nunca me vou esquecer de como o descobri, na velhinha Valentim de Carvalho de Coimbra, em que o rapaz me fazia descontos de dois euros cada vez que eu lá ia. Foi mesmo antes do Verao de 2005 e acompanhou a minha história de amor com o D. Aliás, foi talvez gracas á música que eu lhe gravei que talvez as coisas tenham avancado. Esteve sempre ligado á minha história com ele e quando tudo terminou, daquela maneira feia e tao pouco digna de JJ, que tu bem conheces, arrumei - o, ao JJ, na gaveta por uns seis meses, mudava a estacao de rádio de cada vez que ele passava, etc... Depois dei conta um dia que o ouvia e já nao me doía, já nao me fazia chorar, mas antes me deixava com aquela sensaccao inicial de quando primeiro o ouvi, sabia-me a mal e sol e coisas boas por vir. O coracao demorou bem mais que seis meses a recompor-se mas o Jack voltou á minha vida pouco depois porque ele já cá estava antes de tudo e vai continuar sempre! Já ouviste a Pina Colada song? Anda em repeat em minha casa e fico sempre com um sorriso de cada vez que a ouco!
O JJ foi-me apresentado pelo meu irmão, no Verão antes de irmos para Roma. Lembro-me de ter gostado da sonoridade, mas de não lhe ter dado muita importância. Depois, numa noite linda de Primavera em Trastevere, já tu tinhas regressado a Portugal, ouvio-o num barzinho - a f-stop blues tocava no meio da playlist escolhida e lembro-me de me ter calado para a ouvir. A partir daí nunca mais o larguei, durante imenso tempo.
Não sei mesmo explicar porque deixei de o ouvir, não teve nada a ver com um desgosto de amor ou algo do género, apenas não me apetecia, fazia-me uma certa confusão ouvi-lo. Até hoje. E estou feliz por isso ;)
Já ouvi, sim! É assim um fim de tarde de Verão, uma esplanada à beira-mar depois de um dia inteiro de praia, a pele a saber a maresia e um sorriso maroto no rosto.
(Já viste o The Secret life of Walter Mitty? Lembrei-me agora por causa da Piña Colada, pois faz parte da OST!)
Vi sim, e gostei muito, mas pra mim as partes em que ele anda ali a sonhar acordado com dar uma surra ficcional no patrao eram excusadas! Fora isso gostei do filme, da mensagem e da banda sonora!
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