8 de maio de 2010
7 de maio de 2010
A pedido de várias famílias...
Eso era amor
Le comenté:
-Me entusiasman tus ojos.
Y ella dijo:
-¿Te gustan solos o con rimel?
-Grandes,
respondí sin dudar.
Y también sin dudar
me los dejó en un plato y se fue a tientas.
-Me entusiasman tus ojos.
Y ella dijo:
-¿Te gustan solos o con rimel?
-Grandes,
respondí sin dudar.
Y también sin dudar
me los dejó en un plato y se fue a tientas.
- Angél Gonzaléz -
* vá, foi só mesmo a minha S. que pediu, mas pronto. Aqui fica mais um dos meus favoritos de entre a singular poesia de Angél Gonzaléz.
6 de maio de 2010
Inventário de lugares propícios ao amor:
São poucos.
A primavera tem muito prestígio, mas
é melhor o verão.
E também essas frestas que o outono
forma quando interfere com os domingos
em algumas cidades
já de si amarelas como bananas.
O inverno elimina muitos sítios:
gonzos de portas orientadas a norte,
margens de rios,
bancos de jardins.
Os contrafortes exteriores
das velhas igrejas
deixam às vezes vãos
a utilizar, ainda que a neve caia.
mas desenganemo-nos: as baixas
temperaturas e os ventos húmidos
dificultam tudo.
As leis, além do mais, proíbem
as carícias (à excepção
de determinadas zonas epidérmicas
sem qualquer interesse -
em crianças, cães e outros animais)
e "não tocar, perigo de ignomínia"
pode ler-se em milhares de olhares.
Para onde fugir, então?
Por todo o lado olhos de viés,
córneas torturadas,
implacáveis pupilas,
retinas reticentes,
vigiam, desconfiam, ameaçam.
Resta talvez o recurso de andar sozinho,
de esvaziar a alma de ternura
e enchê-la de fastio e indiferença,
neste tempo hostil, propício ao ódio.
A primavera tem muito prestígio, mas
é melhor o verão.
E também essas frestas que o outono
forma quando interfere com os domingos
em algumas cidades
já de si amarelas como bananas.
O inverno elimina muitos sítios:
gonzos de portas orientadas a norte,
margens de rios,
bancos de jardins.
Os contrafortes exteriores
das velhas igrejas
deixam às vezes vãos
a utilizar, ainda que a neve caia.
mas desenganemo-nos: as baixas
temperaturas e os ventos húmidos
dificultam tudo.
As leis, além do mais, proíbem
as carícias (à excepção
de determinadas zonas epidérmicas
sem qualquer interesse -
em crianças, cães e outros animais)
e "não tocar, perigo de ignomínia"
pode ler-se em milhares de olhares.
Para onde fugir, então?
Por todo o lado olhos de viés,
córneas torturadas,
implacáveis pupilas,
retinas reticentes,
vigiam, desconfiam, ameaçam.
Resta talvez o recurso de andar sozinho,
de esvaziar a alma de ternura
e enchê-la de fastio e indiferença,
neste tempo hostil, propício ao ódio.
- Ángel González -
5 de maio de 2010
A náufraga...
Ser soñadora en su camisa azul
que ama la tierra extraña
o atreverme como la náufraga
que vuelve al mar
porque nadie se alegra
de su salvación.
que ama la tierra extraña
o atreverme como la náufraga
que vuelve al mar
porque nadie se alegra
de su salvación.
- Alejandra Pizarnik -
Sinto um vazio...
A imagem estendia-se
com surpreendente realidade
Pensei: é a montanha
que nunca tinha visto
Como nessa manhã
em que o seu perfil me surpreendeu
a sua imanência
Agora não me importa
porque me esvaziei
Não obstante sinto a falta
a intensidade dos meus pertences
Sinto um vazio
uma espécie de vazio
mesmo na luz
iridiscência
- malvas laranjas -
da inapreensível realidade
- Yolanda Pantin -
com surpreendente realidade
Pensei: é a montanha
que nunca tinha visto
Como nessa manhã
em que o seu perfil me surpreendeu
a sua imanência
Agora não me importa
porque me esvaziei
Não obstante sinto a falta
a intensidade dos meus pertences
Sinto um vazio
uma espécie de vazio
mesmo na luz
iridiscência
- malvas laranjas -
da inapreensível realidade
- Yolanda Pantin -
2 de maio de 2010
Saudades...*
... da tua gargalhada, que enche todos os sítios; dos livros lidos à beira da piscina; dos banhos de sol; dos passeios na Foz; dos croissants e das ferraduras de chocolate da Padaria Formosa; das conversas noite dentro; da observação das estrelas; das viagens; da festa e do baile no I.O.; das férias em Vimioso; dos fins-de-semana prolongados em Olhalvo; das idas a Alenquer; do óleo de amêndoas doces; das confidências; de nos acabarmos na pista de uma discoteca; de termos que despir o P. depois dele ter bebido demais; de chorar amores e desamores no teu ombro; do teu quarto-sotão; do anexo no jardim; de viajar quase 5h (comboio+autocarro) de Bolo Moca da Esquina Doce no colo, só para ver o teu sorriso e o da V.; dos passeios por Lisboa; daqueles dias no Funchal; do teu rosto quando te viste rodeada de orquídeas por todos os lados; dos nossos jantares; de gelatina em copo; de vermos filmes-pipoca esparramadas no sofá e rirmos e chorarmos com a mesma facilidade; dos nossos planos; daquele abraço no aeroporto numa das despedidas mais complicadas da minha vida; daquela noite na Vespas; de groselha gelada; de te ver nadar debaixo de água e ouvir-te dizer diz lá se não sou a tua orca preferida?!; das mensagens via BIP, numa altura em que ainda nem sonhávamos em ter telemóvel; das chamadas à meia-noite da Passagem de Ano; das tuas histórias de amor mirabolantes; do fascínio comum pelo fenómeno da aurora boreal (um dia ainda o vamos observar juntas, não te esqueças!); das flores que me oferecias sempre que ficava doente; dos almoços lá em casa em dias de aulas; das tuas perninhas de frango assadas; das sobremesas de iogurte; das massagens da V.; das risotas e das parvoíces; das cantorias; das ida ao cinema; dos preparativos para o Natal; dos postais trocados; de te gozar pela tua panca pelo DiCaprio (vá, o moço cresceu um bocadinho entretanto e já não tem aquela carinha de imberbe da fase Titanic!); de vermos desenhos animados; de jogar cartas; dos nossos cafézinhos; da forma como te movimentavas cá em casa, completamente em casa e à vontade; das tuas palavras e conselhos, sempre certeiros; dos teus telefonemas quando sabias que estava à espera do comboio e ainda teria mais quase 1h e meia de viagem até chegar a casa; das nossas conversas sérias, profundas e transformadoras; do abraço que tarda; da minha amiga...tuas!
*Nas últimas noites estiveram luares fantásticos, de uma lua redonda e luminosa, como tanto gostamos. Um dia dissemos que, enquanto a lua aparecesse no céu, nunca nos esqueceríamos uma da outra. Não preciso de a observar para me lembrar de ti, mas nestes últimos dias tens estado mais presente do que nunca.
Apesar de todos os silêncios e distâncias, eu estou aqui e vou estar sempre... estarei à tua espera, até quando te sentires pronta.
Subscrever:
Mensagens (Atom)