10 de setembro de 2014

No ciclo eterno das mudáveis coisas*






Porto, Amarante, Lisboa, Angeiras - Verão 2014


Não, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.

- Clarice Lispector, in Um sopro de vida -


Regressei, como prometido, com a luz dourada de Setembro. Volto com a esperança renovada, com novidades e uma vontade imensa de sugar a vida até ao tutano. O medo existirá sempre, assim como o meu mar, eterno porto de abrigo e guardião de sonhos. É nele que deposito todas as minhas angústias, com a certeza de receber em troca a calma necessária para seguir em frente. 

Falta-me ainda o meu Reino Maravilhoso, neste Verão que se vai despedindo a cada pôr-do-sol dourado. Se o mar é a minha bússola, Trás-os-Montes é o meu astrolábio - ambos são essenciais ao norteamento da minha vida.


*Ricardo Reis