11 de abril de 2009
10 de abril de 2009
9 de abril de 2009
Sorriso azul...
" (...)
- Fala-se que vocês têm mais gosto que os outros, o que acha deste azul?
o azul do soutien, não da blusa, o soutien reduzido e eu achei que o azul estupendo, avaliei-o entre dois dedos, isto no elevador, como o soutien cheirava bem pesquisei
- É perfumado isso?
a advogada parou os olhos em mim, admirativa primeiro, interessada a seguir
- Onde é que se compram soutiens perfumados?
repeti o gesto vago que clarificou o barbeiro
- Por aí
o soutien chegou-se mais, comigo sempre a avaliar o tecido
- Numa loja da Baixa, uma transversal que quase ninguém conhece, se me acompanhar lá em cima faço-lhe o desenho
julguei que tinha sorte, não tive sorte porque um soslaio ao relógio
- Estou atrasadíssima para um julgamento, amanhã procuro-o
mirou-me das escadas no que se me afigurou uma espécie de dúvida se calhar nascida de um deslize dos meus dedos, observei os dedos que me pareceram sossegados, tranquilizei a dona Generosa que esperava da porta
- Sou louco por azuis
(...)
e já esquecera a Florbela quando no fim do mês, um domingo à tarde, a campainha de novo e não era por causa do contador, era o soutien no capacho, era a franja, era o anel
- Posso?
um soutien não azul, preto, uma saia rodada facílima de desabotoar, só com um botão atrás, eram sapatos que se descalçavam num instante, era
- O que é isto?
E o perfume no pescoço, nos braços, era um piercing no umbigo, era o
- O que é isto?
substituído por
- Aí tenho cócegas
era o
- Aí tenho cócegas
substituído por
- Afinal não tenho
substituído por
- Estou toda a tremer
era o
- Estou toda a tremer
substituído por
- Fofinho
era o
- Garantiram-me que eras esquisito
e eu
- Graças a Deus curei-me, a treze de maio vamos a Fátima agradecer
dado que um dos meus irmãos me jurou que em Fátima havia umas hospedarias de se lhe tirar o chapéu, à volta do santuário, e é normal gemer-se em consequência dos cilícios dos penitentes."
- António Lobo Antunes, aqui!
E eu continuo a precisar de um soutien de jeito ):
8 de abril de 2009
Sort of...
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas.
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço, Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço...
- Álvaro de Campos -
7 de abril de 2009
Tem um jeito manso que é só seu...
Passe a publicidade...
6 de abril de 2009
Running against the wind
5 de abril de 2009
Se a vida fosse uma canção...
Dicen que la distancia es el olvido
pero yo no concibo esa razón
porque yo seguiré siendo el cautivo
de los caprichos de tu corazón
Supiste esclarecer mis pensamientos
me diste la verdad que yo soñé
ahuyentaste de mí los sufrimientos
en la primera noche que te amé
Hoy mi playa se viste de amargura
porque tu barca tiene que partir
a cruzar otros mares de locura
cuida que no naufrague en tu vivir
Cuando la luz del sol se esté apagando
y te sientas cansada de vagar
piensa que yo por ti estaré esperando
hasta que tú decidas regresar.
- La Barca, de Roberto Cantoral, na voz inconfundível do meu Cê -