Ou como o tempo parece estar a voar.
Era domingo, Dia da Mãe. Eu tinha catorze anos e uma paixão pueril por ti. Tínhamos ido a Braga almoçar com os avós e estávamos a atravessar Maximinos em direcção ao Porto quando ouvimos a notícia na rádio. Toda eu gelei. Não era possível - tu não podias desaparecer daquela maneira. E agora? Pouco mais de sete anos depois da morte me ter roubado a infância vinhas tu obrigar-me a olhar-me ao espelho. Se a tua morte serviu para alguma coisa, foi para me obrigar a procurar e a exigir respostas às perguntas que ecoavam dentro de mim há já demasiados anos. Permiti-me chorar pela primeira vez sem ser às escondidas, virei a minha vida do avesso, num processo longo que, de certa forma, dura até hoje. É que a dor e o sofrimento não me pertencem em exclusivo, muito menos a dor a que me refiro. Eu apenas iniciei o processo da cura possível. No entanto, nunca mais consegui ver uma corrida de F1 do início ao fim. Alguma coisa deixou de fazer sentido naquelas pistas para mim. Talvez um dia me volte a deixar embalar pelo zumbido característico dos carros a acelerar, volta após volta. A alegria de te ver correr, essa, não desaparecerá nunca.
Obrigada.