No nosso primeiro dia em Londres, depois de termos tratado do Oyster card, de termos feito o check-in, pousado as malas no quarto e nos termos refrescado, e imediatamente após um reconfortante almoço num pub perto do hostel - uma tarte de frango acompanhada com ervilhas e batatas fritas que nos soube tão bem naquela tarde fria e chuvosa, fomos até à City londrina, provavelmente a milha quadrada mais conhecida do mundo e o centro histórico e financeiro da cidade.
Escureceu particularmente cedo naquele dia, com o tão afamado fog a descer sobre o rio e a ensombrar os arranha-céus e as pontes do Tamisa logo ao início da tarde. Com o passar das horas e à medida que íamos percorrendo o The Queen's Walk, o nevoeiro deu lugar a uma ligeira neblina, permitindo-nos desfrutar da belíssima paisagem que se pode observar das margens do rio - as pontes, os edifícios iluminados do centro financeiro, os escritórios ainda em período laboral, os monumentos, os barcos e o ferrys que navegam ao longo do Tamisa, atribuindo-lhe um movimento constante e um colorido muito particular.
Ao final da tarde, e com o aproximar da noite, os pubs, cafés e restaurantes encheram-se para happy hours animados e jantares mais ou menos informais. As ruas transformaram-se num corrupio de pessoas bem vestidas, umas a sair do trabalho outras a dirigirem-se para uma exposição numa das muitas galerias de arte, para o teatro ou para assistir a um qualquer outro espectáculo em cartaz. As margens do Tamisa, sobretudo nesta zona da cidade, transpiram cultura por todos os lados - nós, uma vez mais, prometemos voltar assim que nos for possível, com mais tempo e disponibilidade financeira, para aproveitar melhor a oferta cultural de Londres. Soube-nos demasiado a pouco desta vez.
Eu, confessamente deslumbrada, a viver um sonho antigo e ansiado, posta pela primeira de frente para o Tamisa, passei o tempo todo a reviver cenas do Frenzy na minha cabeça, num misto de ainda não acredito que estou aqui e já viste demasiado filmes tu, é o que é! A verdade é que de cada vez que olhava o rio, turvo e carregadinho de história, era esta a imagem que imediatamente me vinha à mente.
Chegamos ao fim do dia exaustas, com os pés molhados e gelados, alguns quilómetros doridos na barriga das pernas, um jantar improvisado em cima da cama depois de um banho bem quente e a certeza de que isto de viajar nos está na pele, na alma e no coração.