15 de maio de 2010

Das memórias...

Zoku Quick Pop Maker

Quando me deparei com este aparelhinho aparentemente singelo, recuei imediatamente uns vinte anos, no mínimo, e vi-me de novo com os meus calções de âncoras e a minha T-shirt preferida, descalça, numa tarde quente de Agosto, naquele tempo em que as férias eram de três longos e saborosos meses. Senti as mão pegajosas de tanto comer gelinhos de sumo, os sorvetes de gelo que fazia com a avó A. à base de sumos naturais. Consegui saborear, lá no fundo das minhas memórias gostativas, os iogurtes caseiros feitos na iogurteira castanha, que adoçava com mel, compota ou açúcar amarelo e muita canela, sempre. Pude sentir o cheiro dos scones acabadinhos de sair do forno feitos pela Ji e ouvir a voz da avó A. a chamar os seus meninos para a mesa. Ninguém preparava uma mesa como ela e os seus lanches eram sempre especiais. 
Quando me deparei com este aparelhinho aparentemente singelo, o meu coração encheu-se como um balão na boca de uma criança e rebentou de alegria e brincadeiras num tempo com tempo. 

14 de maio de 2010

Quando a noite perde o rosto...

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes.
 
- Alexandre O'Neill -