29 de setembro de 2007

Heal Over...

KT Tunstall - para a Minha Pequenina... obrigada por tudo! Principalmente, por seres a minha irmã mais nova, tão especial!!!

28 de setembro de 2007

Nessa noite de ondas e de vento...




NA SALA

Ouvia-se o barulho do mar à noite.
Talvez não estivesse ninguém na praia (que
poderia alguém estar a fazer, numa praia,
à noite?) - mas
era como se o barulho do mar tivesse, por trás,
as vozes de alguém que contasse uma história
de viagens e de ventos.


Onde se estava bem, no entanto,
era dentro de casa, onde o barulho do mar
parecia trazer as conversas de alguém,
na praia, com o vento. É verdade
que a janela estava aberta e, por trás
do muro de pedra e das árvores,
a luz de um candeeiro chegava até à praia
onde não devia estar ninguém, nessa noite
de ondas e de vento.


Podia ser o tempo das férias com efeito,
era o tempo em que se tinha férias
sem se saber bem qual a distinção entre o tempo de férias
e o outro tempo. O que se sabia, por outro lado, era
se estava alguém na praia ou não e, de noite,
ninguém devia estar na praia, embora o vento trouxesse
um ruído de conversas que se confundia com o barulho
do vento.

- Nuno Júdice -

26 de setembro de 2007

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

- Álvaro de Campos -

25 de setembro de 2007

A Pouco e Pouco...

José Cid - "faz-me favas com chouriço!" - para a Patareca e a Vanessa, por me ensinarem o que é o verdadeiro romantismo!

24 de setembro de 2007

Transat 6.5... bem-vindos!!!







Francisco Lobato - Pogo 2

Começaram a chegar esta madrugada à Madeira, os primeiros velejadores da Regata Transat.
Francisco Lobato, o único português na prova, deve chegar ao arquipélago durante o dia de amanhã.