21 de abril de 2010

Dos piratas...

Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.


Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.


A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.


- Sophia de Mello Breyner -

18 de abril de 2010

Vontade de começar a preparar...

...as malas e partir. 

Preciso tanto de levantar voo outra vez, de ver mundo, falar outras línguas, perder-me em cidades desconhecidas, analisar mapas, traçar itinerários, provar outros sabores, olhar outros horizontes...cada vez mais tenho a certeza de que serei sempre uma cidadã do mundo, antes de qualquer outra coisa, e que a minha alma é nómada, livre e sem amarras. Quando permaneço demasiado tempo num mesmo sítio começo a ficar inquieta. No entanto, sei bem onde estão as minhas raízes e preciso sempre de voltar a casa - mas é uma casa, que sendo porto de abrigo, é também rampa de lançamento para novos voos, uma espécie de porta-aviões em mar alto, onde venho reabastecer-me de afectos, acima de tudo. É o que me permite sempre seguir viagem.

Da eterna condição...