5 de setembro de 2009

Miramar













Hoje tive a certeza de que devemos voltar sim aos lugares onde já fomos muito felizes!

Verdades do Facebook















A bird does not sing because it has an answer. It sings because it has a song.

Os anjos tinham outras possibilidades...

Esta manhã gostaria de ter dado ontem
um grande passeio àquela praia
onde ontem por sinal passei o dia
É difícil a vida dos homens senhor
Os anjos tinham outras possibilidades
e alguns deles foi o que tu sabes
Esta terra não está feita para nós 
Mesmo que ela fosse diferente
nós quereríamos talvez outra terra
talvez esta de que agora dispomos
Não achas meu senhor que temos braços a mais
dias a mais complicações a mais?
Pra nascer e morrer seria necessário tanto?
Falhamos tantas vezes (Como os judeus que juraram
não comer nem beber até matar paulo
e apesar disso não o mataram)
É difícil a vida difícil a morte
Por vezes os homens juntam-se todos
ou quase todos e organizam 
grandes manifestações. Mas nada disso os dispensa 
da grande solidão da morte
de termos de morrer cada um por nossa conta
Todos tivemos pai e mãe
nenhum de nós que eu saiba veio de salém.

- Ruy Belo -

I miss these guys!




Will: No, no. I don't want to have sex with you. 
Jack: Oh, Will that wasn't sex. Okay, how do I explain this? Okay, when a man and a man love each other very much... 
Will: No, no... Psychic Sue said I was going to spend the rest of my life with a guy named Jack. 
Jack: Jack who? 
Will: Jack you. 
Jack: Jack me? 
Will: No thanks. 
Karen: Well, if it makes you feel any better, I'm devastated, too. 
Jack: Mmm, it does, thanks. 

Grace: What you're feeling are pangs of guilt. 
Karen: What? 
Grace: Guilt. Oh, boy. Ok. How am I gonna explain this one? Uh... guilt is an emotion that - Ok. Jumping ahead. An emotion is something that... 
Karen: Hey, hey, hey. Come on. I know what guilt is. It's one of those touchy-feely words that people throw around that don't really mean anything... You know, like "maternal" or "addiction." 

[Will is walking Grace down the aisle
Will: This may be the wrong time to tell you this, but I'm straight. 
Grace: Don't make me laugh, I'm being photographed. 

4 de setembro de 2009

Carminho...



...e faz chover-me os olhos quando canta!

Mergulho em ti!


Olho-te pelo reflexo 
Do vidro 
E o coração da noite  

E o meu desejo de ti 
São lágrimas por dentro, 
Tão doídas e fundas 
Que se não fosse:    

o tempo de viver;   
e a gente em social desencontrado;   
e se tivesse a força; 
e a janela ao meu lado   
fosse alta e oportuna,  

invadia de amor o teu reflexo 
e em estilhaços de vidro 
mergulhava em ti.

- Ana Luísa Amaral -

Run Woody, run!

Resta essa faculdade incoercível de sonhar...

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe. 

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza 
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história. 

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa 
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa 
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade 
De aceitá-la tal como é, e essa visão 
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

- O haver, Vinícius de Moraes -

2 de setembro de 2009

Na teia lenta da remembrança...

É simples a separação.
Adeus.
Desenlaçado o último abraço, uma pressa de dar contas um ao outro.
Já não há gestos. O derradeiro (impossível) seria não desfazer o abraço.
Pressa de cada um retomar o outro na teia lenta da remembrança.
Não desfazer o abraço. Ficar face encostada ao niagara dos cabelos.
Sobram fotografias, voz no gravador, um bilhete na caixa do correio. Sobra o telefone.
Tensão - telefone. Experimentada. Sofrida.
Tensão - telefone. Possibilidade de voz não póstuma.
No gravador, voz de ontem, de anteontem. De há anos.
Sobra o telefone. Mudo.
Retininte?
Sobrarão as cartas. Sobra a espera.
Na teia lenta da remembrança, retomo-te em memória recente:
na praia de ternura onde nos enrolámos e desenrolámos desesperados de separação.
Sobra a separação.

- Alexandre O'Neill -

100% Tarantino














Lt. Aldo Raine
: You know somethin', Utivich? I think this might just be my masterpiece. 

1 de setembro de 2009

But the days grow short when you reach September...

Desenlaçado o último abraço...*

Nesta curva tão terna e lancinante

que vai ser que já é o teu desaparecimento

digo-te adeus

e como um adolescente

tropeço de ternura

por ti.

* - Alexandre O'Neill -

Do nosso olhar...



Olhar é um modo de crescer em silêncio.

- Herberto Helder -

Pra outro lugar, baby!



Vamos fugir
Deste lugar, baby
Vamos fugir
To cansado de esperar
Que você me carregue.

Vamos fugir
Pra outro lugar, baby
Vamos fugir
Pra onde quer que você vá
Que você me carregue

Pois diga que irá,
Irajá, Irajá
Pra onde eu só veja você,
Você veja-me só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum, outro lugar qualquer
Guaporé, Guaporé.
Qualquer outro lugar ao sol, outro lugar ao sul.
Céu azul, céu azul.
Onde haja só meu corpo nu
Junto ao seu corpo nu

Vamos fugir
Pra outro lugar, baby.
Vamos fugir
Pra onde haja um tobogã,
Onde a gente escorregue

Vamos fugir
Deste lugar, baby.
Vamos fugir
To cansado de esperar
Que você me carregue.

Todo dia de manhã
Flores que a gente regue
Uma banda de maçã
Outra banda de Reggae
To cansado de esperar
Que você me carregue.

31 de agosto de 2009

I just wanna feel...













...everything!!!

E então meu amor...

havemos de ser outros amanhã
ou daqui a momentos ou já agora
e dificilmente reconheceremos o espaço da alegria
em que noutras horas chegámos a nascer

e então meu amor
(não sei se reparaste mas é a primeira vez
que escrevo meu amor)
teremos nos olhos a cor sem cor
das roupas muito usadas
e guardaremos os despojos das noites
em que tudo sem querer nos magoava
nas gavetas daqueles velhos armários
com cheiro a cânfora e a tempo inútil
onde há muitos anos escondemos
um postal da Torre de Belém em tons de azul
e um bilhete para a matiné das seis no São Jorge
onde um homem (que muitos anos depois
segundo me contaram se suicidou)
tocava orgão nos intervalos em que
nos beijávamos às escondidas

e dessas gavetas rebenta a poeira do tempo
que matámos a frio dentro de nós
com os filhos que perdemos em camas de ninguém
e as pedras que nasceram no lugar das cinzas
e havemos de perguntar (mesmo sabendo que
já não há ninguém para nos responder)
por que foi que nos largaram no mundo
vestidos de tão frágeis certezas
por que nos abandonaram assim
no rebentar de todas as tempestades
sabendo que o futuro que nos prometiam batia
ao ritmo das horas que já tinham sido
destinadas a outros e nunca
voltariam a tempo de nos salvar

mas enquanto vai escorrendo de nós o pó
desses lugares onde ainda há vozes
que não desistiram de perguntar por nós
vamos bebendo a água inicial das nossas línguas
um ao outro devolvendo o pouco
que conseguimos salvar de todos os dilúvios

- Alice Vieira -

Tratamento anti-insónias!












Aqui, a ouvi-la...