5 de abril de 2014
See you soon, London.
Kensington Gardens
Hyde Park
Regent's Park
A viagem a Londres, inesperada e feita um pouco em cima do joelho, acabou por acontecer no momento certo da minha vida e foi o empurrão ou o click final que tanto me fazia falta para ter a coragem de tocar a minha vida para a frente da forma como verdadeiramente a quero viver - sem medos, sem receio de estar a defraudar expectativas alheias, sem dúvidas ou "e se?!".
Aqueles quatro dias foram, assim, o começo de uma outra viagem, desta vez mais longa, mais leve e mais cheia de significado que, se tudo correr como planeado, ocorrerá em 2016. Não será apenas a viagem da minha vida, mas o início de uma forma de vida, aquela por que anseio há já tanto tempo. Não deixa de ser engraçado que todas as peças se tenham finalmente encaixado enquanto calcurreava as ruas e os parques londrinos - acho que precisava vivenciar todo aquele mundo de possibilidades, o melting pot constante que Londres oferece, toda aquela energia tão diferente da que eu tenho vivido, para tudo fazer sentido dentro de mim e todas as perguntas começarem a encontrar uma resposta concreta e válida. É por aqui que quero ir e é por aqui que eu vou, não importa a vida idealizada que os demais têm para mim.
Aqueles dias foram também de descompressão, de uma necessidade constante de ar "puro", de uma vontade imensa de andar sem um destino rigidamente traçado, de vaguear pela cidade ao nosso ritmo e ao sabor do que nos apetecia a cada instante. Vivemos o aqui e o agora como há muito não o fazia(mos). Perdemo-nos por ruas e ruelas, mercados de rua e feiras natalícias, mas também nos permitimos passear pelos imensos parques que fazem Londres respirar - parques majestosos, muito bem cuidados, ali, abertos para quem os quiser usufruir. Famílias inteiras em passeio, pessoas sozinhas ou em grupo a exercitarem o corpo, crianças a andar a cavalo, turistas a tentar fotografar esquilos, casais a namorar em bancos de madeira, apesar do frio e da chuva iminente.
Nós aproveitamos um pouco disso tudo, também: fizemos longas caminhadas inspirando a lufada de ar fresco; fotografamos esquilos, patos, cisnes, pássaros, árvores, canteiros de rosas, coretos e folhas ao vento; sentámo-nos nos bancos de madeira a recarregar energias; fugimos da chuva; andámos à procura do Peter Pan e ele concedeu-me uma das fotografias mais cómicas do nosso repertório de viagem; conversámos muito e eu fui alinhando pensamentos e ideias, regressando a uma paz de espírito que julgava perdida para sempre.
Encheu-me o coração saber que a Pequenina escolheu passar grande parte do tempo que esteve sozinha no dia da minha entrevista a fotografar o Regent's Park, que eu já não tive oportunidade de visitar desta vez. Poderia ter escolhido qualquer outra parte da cidade, havia tanto por onde escolher ainda, mas ela sentiu esse chamamento da natureza e, de certa forma, percebeu que aquelas fotografias de pássaros e copas de árvores esvoaçantes me deixariam mais feliz do que qualquer outra coisa e eu gosto tanto destas nossas sintonias. A verdade é que, no meio daquela selva urbana, daquele cosmopolitismo todo, foi naqueles parques que me reencontrei um pouco e tive a certeza que me faltava - ou a coragem para a enfrentar, de que o meu caminho, neste momento e a médio prazo, passa por uma errância leve, simples e descomplexada, por um outro estilo de vida e por um ritmo mais adequados a quem eu sou de verdade - conseguir, finalmente, verbalizar isto enche-me de paz e felicidade e com uma vontade enorme de me fazer à estrada. Em breve, se os deuses me ajudarem e as forças não me falharem para fazer tudo o que precisa ficar feito.
Obrigada, Londres. A forma como nos recebeste permitiu-me olhar-me ao espelho e encarar-me de frente. Estava a precisar desse beliscão. Foi um até já, contamos voltar assim que nos for possível.
Obrigada, minha Pequenina. As restantes palavras para te agradecer tudo e tanto não cabem aqui. We're a pretty darn good team ;)
* Estes pequenos apontamentos sobre Londres era suposto terem sido acabados durante o mês de Março, por nenhum motivo em especial, apenas uma melhor organização de tempo. A vida, no entanto, voltou a atropelar-me os dias, desta feita por uma boa razão: nasceu o meu primeiro sobrinho no último fim-de-semana de Março, o mesmo que eu tinha reservado para escrever este post, entre outras coisas. Além do mais, vou ser a madrinha do pequeno pachá, parece-me um motivo mais do que válido para adiar um pouco os itens da agenda e priorizar o que verdadeiramente importa, ou seja, estrafegá-lo de mimos até mais não!
** Ler relatos assim faz-me ter ainda mais certezas da minha decisão e a sensação de estar a tomar o rumo certo para a minha vida é indiscritível e chega a ser avassaladora, é aquela adrenalina boa que nos faz sentir vivos e que tanta falta me tem feito. Obrigada por me (nos) deixares fazer um pouco parte da tua viagem, minha S. - as saudades que eu tenho de ganhar mundo contigo!
Morreu um pouco da minha infância.
José Wilker, que de tanto me (nos) dar já fazia parte da minha vida. Tantas personagens, tantas histórias. Tantas horas deliciada a vê-lo actuar, a dar vida a personagens que farão para sempre parte do meu imaginário. Horas sem fim em frente à telinha, quase sempre com a avó Aninhas ao meu lado, assistindo a tramas e enredos que contribuíram um tantinho para aquilo que sou hoje, para a visão que tenho do mundo e para a minha paixão pelo Brasil, que vai além do chamamento do sangue, dos antepassados e das origens. Até sempre, Zé, Mundinho, Roque Santeiro, Giovanni Improtta, JK, Coronel Jesuíno. Espero que te recebam em festa!
Subscrever:
Mensagens (Atom)