2 de julho de 2017

O tempo cobre o chão de verde manto*


Este cantinho trouxe-me muito mais do que alguma vez poderia ter sonhado. Trouxe-me pessoas, acima de tudo. Seres que me fizeram sentir menos sozinha e não descurar a confiança em mim mesma. Almas idênticas, que me ajudaram a sentir menos deslocada neste mundo, ensinando-me a aceitar as minhas diferenças, a vê-las como uma mais-valia e nunca como um defeito. Outras que, de tão diferentes de mim, me fizeram colocar perguntas, sobretudo a mim própria, enriquecendo-me de uma forma que levarei sempre comigo. 
Quando a minha vida mudou de forma substancial, obrigando a uma mudança de país e de rotina, este blogue viu-se abandonado de forma abrupta. Por falta de tempo, primeiramente. Mas também por não ter a certeza se queria continuar por aqui, se se justificava manter um blogue - sobretudo um blogue sem agenda, escrito a um ritmo descompassado, sem particular interesse para os demais. 

Sempre escrevi para mim mesma, em primeiro lugar. Como uma forma de disciplina e enquanto auxiliar de memória: de sentimentos, de lugares visitados, de experiências vividas, mas também de partilha de livros, filmes e músicas que de alguma forma me tocaram, de pequenas histórias. 
E é essa partilha que me interessa. Porque, mais do que qualquer outra coisa, sou uma contadora de histórias - através de palavras, de fotografias, da forma como organizo e decoro a minha casa (a minha casa física, onde habito, mas também esta casa cibernética, por onde sempre permiti que habitassem os meus sonhos), da maneira como me relaciono com as pessoas e com os lugares. 

Nesta fase da minha vida, ter um blogue faz-me cada vez mais sentido. Porque preciso de escrever, de partilhar o que estou a viver, a ver e a sentir. Preciso de escrever na minha língua materna, enquanto exercício de organização mental e sentimental, até. É uma necessidade quase física, assim como precisarmos de ar para respirar. 

Não sei a quem possa interessar o que irei escrever. Talvez alguém se reveja na partilha e sinta necessidade de interagir, de partilhar algo de volta. Ou apenas ler em silêncio.
Sei que irei continuar a escrever e a contar histórias - pela tal necessidade física e mental, porque sou isso que sou, porque me faz uma falta tremenda. 

Pensei muito se deveria continuar a fazê-lo aqui, neste lugar que terá para sempre um cantinho especial no meu coração. Sabia que queria manter o nome, fosse qual fosse a decisão. Decidi-me pela mudança de casa, de forma a assinalar as grandes alterações na minha vida neste momento.

Assim, a partir de hoje estarei aqui:  Serendipity - London Edition

A mesma Mar de sempre, em constante mudança. 

Vêmo-nos por lá!
*Luis Vaz de Camões