Verão 2012
Não sei o que são férias há dois anos. Este Verão, conto duas tardes de praia na pele e um mergulho e meio na piscina. Os próximos meses adivinham-se difíceis, cinzentos, ainda mais angustiantes. Os problemas e as frustrações avolumam-se, enquanto que a minha capacidade para os enfrentar por vezes parece estar por um fio. Deixei de ver noticiários, crivo cada vez mais a informação que consumo, tenho os níveis de esperança no limiar da loucura. Vivo no dilema constante de desistir de tudo e partir em busca de uma nova vida bem longe daqui ou não baixar os braços, apesar de todos os indicativos contrários, e lutar até ao fim, mesmo quando já ninguém parece dar valor a essa mesma luta. Mas esta esquizofrenia permite-me também dar cada vez mais valor às pequenas coisas, àquelas mais simples desta vida, sendo também as que nos dão verdadeiro prazer, bem vistas as coisas.
Ao catalogar as fotografias destes últimos meses, apercebi-me dos momentos de pura felicidade que vivi. Felicidade construída sobre a convicção plena de que a mesma não é um fim, mas um meio, um somatório de pequenos grandes momentos que nos ajudam a seguir em frente. Mesmo que o mundo à minha volta pareça estar a ruir, que a vida, tal como a conhecemos até agora tenha obrigatoriamente que sofrer mudanças profundas, enquanto houver o meu mar, finais de tarde com luz dourada, luas cheias avistadas de lugares especiais, jantares em família e mesas cuidadosamente postas, raios de sol a dançar nas copas das árvores e todos aqueles que mais amo bem à minha beira, eu ficarei bem. Todos vamos ficar bem.