25 de março de 2010

Finally something good!


A minha S. vai ser 6 meses para Paris já em Abril. Em Julho, se tudo correr bem, eu e a minha irmã vamos lá passar para lhe fazer uma visita, durante o nosso ansiado projecto. Two of my favorite girls & me in Paris, dá para acreditar?!


24 de março de 2010

E já não és senão como te sinto.


Ambiente da casa, dos cafés, do bairro
que vejo e percorro: ano após ano.

Criei-te de alegrias e tristezas:
de tantas circunstâncias, tantas coisas.

- Constantino Cavafy -

Exercício terapêutico,5

A luz da manhã. Fins de tarde na praia. O nevoeiro sobre o Douro. Atravessar a ponte D. Luís I a pé. Atravessar o Douro de barco a remos para Pé de Moura. Dias inteiros de brincadeira no rio Maças e no Angueira. As petiscadas com o avô C. e o tio A. em Serapicos. Sardinhadas no Verão. Andar a cavalo. Passeios de burro. As aventuras no atrelado do tractor com a primalhada. Uvas americanas. Ir à vinha com a avó A. e comer uvas quentes pelo sol.  Lagares de azeite. Fazer alheiras e outros enchidos. A preparação da Páscoa. A segunda-feira de Páscoa em S. . Os tapetes de flores para o compasso feitos por mim, pela avó A. e pela Ji. As colchas antigas nas janelas em dias de festa ou procissão. O forno-de-lenha da avó C. . Os quindins da N. . Festas de família. As mesas fartas dos dias festivos. O pão-de-ló molhado da F. e da o da minha mãe. As conversas com a F. . O rosto, o sorriso e a voz serena da J. . Passeios de bicicleta. Corridas de bicicleta com o meu irmão. Subir para o telhado na casa de V., durante as noites de Verão, para observar as estrelas. Estrelas cadentes. As cantorias no carro com os avós, em viagens longas ou a caminho da praia. Banhos de algas e areia em Miramar. Apanhar lapas, mexilhões e amêijoas. Comer amêijoas à Bulhão Pato com a I. . Não conseguir parar de ler um livro. Receber livros. Moleskines. Os diários da minha adolescência. Livros de viagem. Mapas e bússolas. Documentários. Bandas sonoras de filmes que me marcaram. Galochas. Andar descalça. Ler jornais. O cheiro do papel do jornal. Gira-discos e discos de vinil. Máquinas fotográficas. Lomografia. Os quadros verdes e o cheiro a giz das salas do Colégio. A minha lancheira cor-de-laranja da Tupperware. Batidos de canela e de M&M's. Torradas na lareira. Chupa-chupas. Os chupa-chupas caseiros do Sr. M., os gelados e as castanhas assadas do J.,  vendidos à porta do Colégio. Os piqueniques de 6ª feira no pátio do Instituto, enquanto as mães estavam em reunião. O bando do Instituto e todas as nossas aventuras. As tardes no Brasília e as guloseimas compradas no supermercado Gama. O Parque Itália. A rua Júlio Dinis. As ducheses e os barquinhos de morango da Petúlia. O café de saco do Progresso. Ir comprar café com a avó A. à Sanzala. O Bolhão. As cores e os aromas da Casa Chinesa. Limpar pratas. Frutos secos. Scones com manteiga e compota. Andar de jipe descapotável com o meu irmão por terras transmontanas. Mesas redondas. Os jantares a meio da semana com todos. 


Estava mesmo a precisar!

21 de março de 2010

Sophia...*

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
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Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

... sinónimo de POESIA.
* Sophia de Mello Breyner Andresen