11 de abril de 2014
9 de abril de 2014
Contra o Portugal do apoucamento.
Não sou crente, portanto acho que depende de nós mais do que irmos
indo, sempre acima das nossas possibilidades para o tecto ficar mais alto em
vez de mais baixo. Para claustrofobia já nos basta estarmos vivos, sermos seres
para a morte, que somos, que somos.
Um
enorme, belíssimo texto de Alexandra Lucas Coelho. Para ler do início ao fim, aqui.
8 de abril de 2014
Damn you, Richard Curtis!
Estava a contar com um filme levezinho, uma comédia romântica que me ajudasse a ultrapassar a madrugada e a passar uma rasteira à insónia, não estava à espera de chorar baba e ranho durante não sei quanto tempo após os créditos finais, para depois ficar com um sorriso aparvalhado durante o resto da noite. É claro que deitei as culpas para o descontrole hormonal e para o facto de ter acabado de ter um sobrinho. Damn!
6 de abril de 2014
Do Facebook.
Não, não venho falar das declarações da Jonet, que de tão ridículas nem (me) merecem qualquer comentário. Venho antes deixar-vos estas duas pérolas, tão diferentes entre elas, mas tão próximas ao meu coração, postadas por uma amiga e por um amigo de uma amiga no Facebook. Gosto destes vasos comunicantes que permitem o diálogo saudável, que nos informam e nos enriquecem desta forma tão genuína e despretensiosa. Como em tudo na vida é uma questão de bom senso e, se há muito lixo nas redes sociais, também há muita coisa boa a acontecer.
A minha Primavera.
Querido Luis,
Chegaste a seguir à trovoada e ao dilúvio que se fez sentir naquela madrugada fria de final de Março. Acompanhaste a mudança da hora e tornaste os nossos dias não apenas mais longos,como também infinitamente mais luminosos. És a Primavera em nós, o renascer tão esperado.
Os teus pais safaram-se bem: és lindo de morrer, uma ternura de tão doce, um pachá durante o dia e um noctívago, como esta tua tia-madrinha - a tua avó Ana diz que também tens a cabecita igual à que eu tinha quando nasci e se ela o diz nós temos que acreditar. Percebo que sintas o apelo e a magia da noite, o abraço do seu silêncio majestoso, mas tu vê lá se me trocas esses sonos rapidamente senão os teus pais não aguentam o ritmo. Terás tempo para apreciar esse lento círculo azul do tempo de que fala Sophia.
Quero dar-te o mundo, ensinar-te a olhar as estrelas, a respirar fundo quando se começa a subir o Marão, para melhor sentires o cheiro da terra que te corre no sangue e que espero venhas a amar tanto como eu. Quero mostrar-te a maravilha das coisas simples: um mergulho no mar, o cheiro a maresia na pele depois de um longo dia de praia, uma Joaninha na pétala de uma flor na Primavera, uma canção bonita, um arco-íris depois do sol beijar a chuva, uma fatia de pão com manteiga, acabadinho de sair do forno. Quero que saibas que um abraço apertado cura quase todos os males do mundo; que há poucas coisas tão boas como uma boa conversa em redor de uma mesa de amigos e que não há mal absolutamente nenhum em estar triste de vez em quando; que chorar é permitido e que um sorriso sincero é uma das melhores armas que existe.
Gostava que crescesses com a certeza de que és amado e de que precisamos uns dos outros para sermos verdadeiramente felizes - irás certamente ouvir algures que nenhum Homem é uma ilha, acredita nisso. Gostava que aprendesses a respeitar-te a ti mesmo em primeiro lugar, para depois melhor poderes respeitar todos os outros. Sê generoso, solidário, atencioso e afectuoso com os demais. Acredita em ti e nas tuas capacidades e nunca deixes que ninguém te impeça de sonhar. Faz com que palavras como honestidade e lealdade tenham um significado profundo na tua vida. Valoriza as amizades, as verdadeiras, e rodeia-te de pessoas que mereçam a pena e que te obriguem constantemente a ser uma pessoa melhor. Lê muito, tudo o que te aparecer à frente no início, rapidamente saberás distinguir o trigo do joio. Pensa pela tua própria cabeça e nunca queiras ser apenas mais um no rebanho. Abraça a tua originalidade, luta por ela. Viaja sempre que puderes e faz das viagens parte da tua educação e instrução, nada te fará mais rico e, se eu te der bem a benção, nada te dará mais prazer, também. Olha sempre o Outro nos olhos, seja ele quem for. Acredita na bondade das pessoas, verás que a grande maioria é, de facto, gente boa. Aprende a cozinhar, a fazer a cama, a passar a tua roupa a ferro e a arrumar a casa - não deixes que façam de ti uma pessoa sempre dependente de terceiros, valoriza a tua independência e o teu papel como um todo numa sociedade mais justa e igualitária. Debate-te por causas e valores justos, faz com que essa seja a tua força. Utiliza o poder que eventualmente te for concedido para tornar este mundo um lugar melhor.
Permite-te ser sempre criança e não tenhas medo de brincar, mesmo quando te disserem que já és demasiado crescido para o fazer. Persegue os teus sonhos e vive a vida da forma como achas que deve ser vivida, não te deixes prender a expectativas alheias e não vivas a vida que outros planearam para ti. Sobe às árvores, toma banhos de mangueira, come fruta quente colhida por ti, esfola joelhos e suja as mãos de terra. Faz castelos de areia e guisados de lama e folhas. Canta na banheira e sempre que te apetecer. Conduz de vidros abertos numa tarde quente de Verão, grita bem alto no cimo de uma montanha-russa e nunca tenhas medo de arriscar, estando sempre bem ciente dos teus limites. Supera-os, sempre que te for possível. Ouve as pessoas com atenção, faz perguntas, mesmo se te parecerem estúpidas. Respeita o espaço dos outros, a sua intimidade e formas de estar na vida. Não tenhas medo nem vergonha de pedir ajuda e está atento às necessidades dos outros, sem te impores - perceberás que quando ajudares alguém, essa ajuda terá sempre que ver com o outro e não contigo; não ofereças ajuda apenas para te sentires melhor, tenta perceber o que a pessoa realmente precisa.
Diz a todos os que amas aquilo que sentes, não tenhas medo de demonstrar o teu afecto e acredita que abraços, beijos e mimos nunca são em quantidade exagerada. No entanto, há um tempo e um espaço para tudo, aprende a conhecê-los e respeita-os. Apaixona-te perdidamente, não tenhas medo de te entregar quando achares que chegou o momento. Respeita todas as pessoas que amares, não as tentes mudar ou moldá-las a teu belo prazer. Escreve cartas de amor, oferece flores e pequenos presentes só porque sim, permite-te ser ridiculamente romântico e profundamente lamechas de vez em quando.
Nunca duvides que o saber não ocupa lugar e procura a verdade, sempre. Aprende os dois lados de cada história, tanto quanto possível. Mantém a tua mente aberta e o teu espírito curioso, não caias em pré-conceitos e ideias feitas. Sê genuinamente curioso em relação aos outros, procura saber o que pensam, como se sentem. Não julgues apressadamente.
Vai ao cinema, ao teatro, a todos os concertos que conseguires. Gosta da Fafá de Belém e de música clássica, como o teu pai, ninguém disse que os gostos de cada um têm que ser homogéneos. Vai ao futebol, assiste a partidas de ténis e a corridas automobilísticas. Joga jogos de tabuleiro e umas cartadas com a família e os amigos. Deixa-te perder pelas ruas das cidades e sobe às montanhas.
Sê tu próprio, sempre. Vive de forma plena, íntegra e inteira. Eu estarei sempre por perto para tudo o que precisares, caminhando ao teu lado, pegando-te ao colo, dando-te a mão e oferecendo-te o meu ombro, o meu tempo, a minha disponibilidade e o meu carinho.
Espero que a vida te sorria e que tu lhe saibas sorrir de volta, meu pequeno homenzinho.
Um beijo enorme desta tua tia-madrinha que te ama tanto, tanto.
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