4 de março de 2015

Resumo deste Inverno e um prenúncio de Primavera



- quanto mais vou conhecendo outras famílias mais tenho a certeza de que, afinal, a minha não é assim tão disfuncional;
- as doenças do foro psiquiátrico são ainda um enorme tabu e padecem de grandes preconceitos na nossa sociedade;
- ajudar alguém que tem um fascínio tremendo pela morte - vendo nela não apenas a única solução para todos os problemas mas a melhor, a mais ansiada solução, a agarrar-se à vida, é das coisas mais difíceis que tenho feito; 
- quem sou eu para achar (julgar?) que os problemas de outra pessoa não são suficientemente grandes e dolorosos, ao ponto de a morte parecer ser a única solução, mesmo que essa pessoa tenha (aparentemente) o essencial (e muito mais do que isso, comparativamente) para poder ter uma vida tranquila e feliz?
- o facto de duas pessoas adultas serem incapazes de ter uma conversa civilizada, sobretudo quando têm filhos em comum, é algo que nunca irei conseguir entender;
- a desresponsabilização, o fechar os olhos, o deixar andar - e ainda assim querer que tudo se resolva, como que por artes mágicas;
- o passeio matinal até à escola pode e deve ser um dos pontos altos da vida de qualquer criança; os passarinhos, a fonte no jardim e as gaivotas nos telhados transformam qualquer dia cinzento num dia bem mais luminoso;
- o sol que nos inundou o quarto de luz e calor esta manhã; o gato a dormir no telhado; as árvores a florir; o chilrear dos pássaros; o azul límpido do céu; ela e a galinha de mãos dadas comigo; 
- o campo que avisto da minha janela coberto com um tapete de pequenas flores amarelas;

- o meu sobrinho, cada vez mais pestanudo, enorme, quase a completar a sua primeira volta ao Sol.