16 de julho de 2009

Uma sede antiquíssima...

Estás no verão,

num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre

a duna.

Estás em mim,

nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome

pensas:

teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó,

sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas.

És o esplendor do dia,

os metais incandescentes de cada dia.

Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces

o ardor das maçãs,

as claras noções do pecado.

Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos

meus anos.

Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os

rituais que previ.

Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em

ti e inclinam-se.

Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima.

Doce e cruel é setembro.

Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca.


- O Verão, de José Agostinho Baptista -

15 de julho de 2009

Vertigo






Scottie: Don't you think it's a waste, to wander separately?
Madeleine: Only one is a wanderer. Two together are always going somewhere.
Scottie: No, I don't think that's necessarily true.


*Só tu me fazias rir naquele momento hoje!

12 de julho de 2009

They made my day!

Velha infância...



Uma das partes boas de se ter insónias (provavelmente a única!), é descobrirmos, quase às 4 horas da manhã, que estão a repor uma das nossa séries de sempre na RTP Memória... A partir de hoje, o meu Verão ficou muito mais azul!

Uma indirecta confissão

Sempre evitei falar de mim, 
falar-me. Quis falar de coisas. 
Mas na seleção dessas coisas 
não haverá um falar de mim? 

Não haverá nesse pudor 
de falar-me uma confissão, 
uma indireta confissão, 
pelo avesso, e sempre impudor? 

A coisa de que se falar 
até onde está pura ou impura? 
Ou sempre se impõe, mesmo impura- 
mente, a quem dela quer falar? 

Como saber, se há tanta coisa 
de que falar ou não falar? 
E se o evitá-la, o não falar, 
é forma de falar da coisa? 

- João Cabral de Melo Neto -

Resumidamente, é isto:











Mais coisa, menos coisa!