- Happy New Year, ABBA -
Feliz 2008 para todos!!!
31 de dezembro de 2007
24 de dezembro de 2007
20 de dezembro de 2007
15 de dezembro de 2007
"Fazer 100 anos é uma bobagem..."
« O arquitecto Oscar Niemeyer celebrou hoje 100 anos entre familiares e amigos na sua casa em Canoas, construída em 1953 na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
Actualmente, a residência considerada um dos símbolos da arquitectura moderna brasileira, é a sede da Fundação Niemeyer. » (no Público)
* Eu, um dia destes, ainda me vou perder durante umas boas horitas no MON...
14 de dezembro de 2007
Dança comigo...
Pina Bausch
- A Sagração da Primavera, de Pina Bausch, pelo Wuppertal Dance Theater -
- Masurca Fogo, de Pina Bausch, cena do filme Fala com ela, de Pedro Almodovar -
A simplicidade complexa e desconcertante das coreografias de Pina Bausch - porque, às 3 horas da manhã, a forma como a minha mãe ordena os trabalhos dos seus alunos para a exposição de final de período, me fez lembrar o conceito de dança-teatro que a coreógrafa alemã tão bem explora...
- A Sagração da Primavera, de Pina Bausch, pelo Wuppertal Dance Theater -
- Masurca Fogo, de Pina Bausch, cena do filme Fala com ela, de Pedro Almodovar -
13 de dezembro de 2007
12 de dezembro de 2007
11 de dezembro de 2007
Da vizinhança (11)
"É Natal, e tu não estás. Dos cânticos que ecoam pelas ruas engalanadas, desprende-se uma melancolia que me embala e aconchega os passos. Aperto melhor o cachecol e agasalho-te contra mim. (...)" - N' Um Amor Atrevido.
Deixa que te leve...
Deixa que te leve
assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste
- Leve beijo triste, Paulo Gonzo e Lúcia Moniz -
A new plan...
Some people believe that without history, our lives amount to nothing. At some point we all have to choose: do we fall back on what we know, or do we step forward to something new? It's hard not to be haunted by our past. Our history is what shapes us... what guides us. Our history resurfaces time after time after time. So we have to remember sometimes the most important history is the history we’re making today.
The thing about plans is they don't take into account the unexpected, so when we're thrown a curve ball, whether its in the O.R. or in life, we have to improvise. Of course, some of us are better at it than others. Some of us just have to move on to plan B, and make the best of it. And sometimes what we want is exactly what we need. But sometimes, sometimes what we need is a new plan.
- Meredith Grey -
The thing about plans is they don't take into account the unexpected, so when we're thrown a curve ball, whether its in the O.R. or in life, we have to improvise. Of course, some of us are better at it than others. Some of us just have to move on to plan B, and make the best of it. And sometimes what we want is exactly what we need. But sometimes, sometimes what we need is a new plan.
- Meredith Grey -
9 de dezembro de 2007
7 de dezembro de 2007
Por Darfur...
- Frágil-Artistas Portugueses por Darfur -
* CD-Colectânea à venda nas lojas Fnac e em www.pordarfur.org.
6 de dezembro de 2007
Credo...
Creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;
creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,
creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,
creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. Amén.
- Natália Correia -
5 de dezembro de 2007
Ninguém sabe mexer na minha confusão...
- Coisas que eu sei, Danni Carlos -
Eu quero ficar perto de tudo o que acho certo
Até o dia em que eu mudar de opinião
A minha experiência, meu pacto com a ciência
O meu conhecimento é minha distracção
Coisas que eu sei
Eu adivinho sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio mostra o tempo errado
Aperte o 'Play'
Eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer na minha confusão
É o meu ponto de vista, não aceito turistas
Meu mundo 'tá' fechado pra visitação
Coisas que eu sei
O medo mora perto das ideias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim não vou trocar de roupa
É minha lei
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais, depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro do que eu desenhei
Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas no meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos que eu não sei usar
Eu já comprei
As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre quando 'tô' a fim
Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes eu somente não sabia
Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes eu somente não sabia
Agora eu sei
2 de dezembro de 2007
Our song...
Segue por ti, sei que consegues
Voa por mim, mais de mil vezes
E se não fores capaz sabes que eu estou atrás
O sol vai e vem
Olha à volta, estou contigo, e o amor também.
Voa por mim, mais de mil vezes
E se não fores capaz sabes que eu estou atrás
O sol vai e vem
Olha à volta, estou contigo, e o amor também.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou...
Sou eu
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...
- Álvaro de Campos -
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...
- Álvaro de Campos -
1 de dezembro de 2007
Bolacha Maria (2)
Barrigada de Gummibärchen ao som das músicas do High School Musical e da Xuxa... ilarilariê, oh, oh, oh!!!
30 de novembro de 2007
Envelheces sem querer...
Os dias de glória
Envelheces tanto de cada vez que o dia termina
e olhas para trás. Tens medo do começo do fim,
das tardes de domingo; um dia, distraído, tens medo
do sexo, da amabilidade e da noite, e dos rostos
que foram belos – e não são mais. Envelheces muito
quando o mundo contraria as pequenas coisas,
sentes esse cansaço, nada a fazer.
Mesmo da poesia, que iluminava o tempo, vais
colhendo apenas a amargura; os outros procuram nela
sinais de um destino, datas curiosas, zangas, ventanias,
armadilhas, mas tu sabes – e só tu sabes –
que a tua vida é a tua vida e que o poema
é empurrado por outro sopro, por um reflexo,
um medo brutal, pela memória dos que morreram
e levaram uma parte de ti, um pouco do que havia
de comum entre ti e a vida, esse desperdício – às vezes –,
esses momentos de glória em dias felizes.
Envelheces com os ossos que envelhecem. Envelheces
sem querer. Por ti serias eternamente jovem, adolescente,
e percorrerias as estradas das serras, as florestas,
não para viveres sempre, mas para estares vivo
mais um instante, porque o espectáculo é belo
uma vez por outra. Envelheces pouco a pouco,
porque as coisas não são o que foram nem são o que são.
- Francisco José Viegas -
Envelheces tanto de cada vez que o dia termina
e olhas para trás. Tens medo do começo do fim,
das tardes de domingo; um dia, distraído, tens medo
do sexo, da amabilidade e da noite, e dos rostos
que foram belos – e não são mais. Envelheces muito
quando o mundo contraria as pequenas coisas,
sentes esse cansaço, nada a fazer.
Mesmo da poesia, que iluminava o tempo, vais
colhendo apenas a amargura; os outros procuram nela
sinais de um destino, datas curiosas, zangas, ventanias,
armadilhas, mas tu sabes – e só tu sabes –
que a tua vida é a tua vida e que o poema
é empurrado por outro sopro, por um reflexo,
um medo brutal, pela memória dos que morreram
e levaram uma parte de ti, um pouco do que havia
de comum entre ti e a vida, esse desperdício – às vezes –,
esses momentos de glória em dias felizes.
Envelheces com os ossos que envelhecem. Envelheces
sem querer. Por ti serias eternamente jovem, adolescente,
e percorrerias as estradas das serras, as florestas,
não para viveres sempre, mas para estares vivo
mais um instante, porque o espectáculo é belo
uma vez por outra. Envelheces pouco a pouco,
porque as coisas não são o que foram nem são o que são.
- Francisco José Viegas -
28 de novembro de 2007
27 de novembro de 2007
Cinememória (2)
De há uns tempos para cá, ando com dois filmes na cabeça - o Otto e mezzo (8 1/2), de Fellini e o Non ti muovere, de Sergio Casttellito... revejo, mentalmente, várias cenas ao longo do dia e os seus personagens povoam os meus sonhos, durante a noite.
Pouco terão em comum, a não ser talvez o facto de ambos serem filmes italianos, realizados por dois italianos ou ainda o facto de me terem marcado muito, cada um à sua maneira.
Quando vi o Otto e mezzo pela primeira vez, devia ter uns nove ou dez anos. Lembro-me de o ter visto num sábado à noite, na RTP2, com o meu avô. Lembro-me, também, de ter ficado completamente fascinada com o filme e, ao mesmo tempo, com aquela sensação de que não o tinha compreendido na sua totalidade...
Voltei a vê-lo anos mais tarde, também na RTP2, acho que ainda antes de completar 18 anos. Desta vez, o fascínio que havia sentido enquanto criança, foi recuperado e ampliado pelo facto de ter percebido o filme - trata-se, a meu ver, da mais bela declaração de amor à Sétima Arte, assim como um tributo à alma do Artista! Desde então, já o voltei a ver por diversas vezes e o encantamento inicial nunca se perdeu...(nem vou falar da minha paixão pelo Mastroiani, porque senão nunca mais saía daqui!).
O Non ti muovere vi-o em Roma, com a Lili, numa 4ª feira à tarde, depois de termos visto uma entrevista com a Penélope Cruz e o Sergio Casttellito na RaiUno que nos deixou com uma vontade imensa de ir ao cinema.
Saímos de lá com a sensação de termos levado com um murro no estômago e infinitamente mais ricas (apesar do preço dos bilhetes não condizer com o nosso controlado orçamento de estudantes Erasmus!). Lembro-me de termos falado imenso sobre o filme, sobretudo do desempenho notável de uma irreconhecível Penélope...
Nunca mais voltei a vê-lo, apesar de este nunca me ter saído da cabeça - sei, porém, que está disponível nos circuítos nacionais de aluguer. Talvez um dia destes ganhe coragem para o rever!
Pouco terão em comum, a não ser talvez o facto de ambos serem filmes italianos, realizados por dois italianos ou ainda o facto de me terem marcado muito, cada um à sua maneira.
Quando vi o Otto e mezzo pela primeira vez, devia ter uns nove ou dez anos. Lembro-me de o ter visto num sábado à noite, na RTP2, com o meu avô. Lembro-me, também, de ter ficado completamente fascinada com o filme e, ao mesmo tempo, com aquela sensação de que não o tinha compreendido na sua totalidade...
Voltei a vê-lo anos mais tarde, também na RTP2, acho que ainda antes de completar 18 anos. Desta vez, o fascínio que havia sentido enquanto criança, foi recuperado e ampliado pelo facto de ter percebido o filme - trata-se, a meu ver, da mais bela declaração de amor à Sétima Arte, assim como um tributo à alma do Artista! Desde então, já o voltei a ver por diversas vezes e o encantamento inicial nunca se perdeu...(nem vou falar da minha paixão pelo Mastroiani, porque senão nunca mais saía daqui!).
O Non ti muovere vi-o em Roma, com a Lili, numa 4ª feira à tarde, depois de termos visto uma entrevista com a Penélope Cruz e o Sergio Casttellito na RaiUno que nos deixou com uma vontade imensa de ir ao cinema.
Saímos de lá com a sensação de termos levado com um murro no estômago e infinitamente mais ricas (apesar do preço dos bilhetes não condizer com o nosso controlado orçamento de estudantes Erasmus!). Lembro-me de termos falado imenso sobre o filme, sobretudo do desempenho notável de uma irreconhecível Penélope...
Nunca mais voltei a vê-lo, apesar de este nunca me ter saído da cabeça - sei, porém, que está disponível nos circuítos nacionais de aluguer. Talvez um dia destes ganhe coragem para o rever!
23 de novembro de 2007
Vida...
A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;
a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;
a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.
- Nuno Júdice -
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;
a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;
a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.
- Nuno Júdice -
Once in a blue moon...
At the end of the day faith is a funny thing. It turns up when you don't really expect it. It's like one day you realize that the fairy tale may be slightly different than you dreamed. The castle, well, it may not be a castle. And it's not so important happy ever after, just that its happy right now. See once in a while, once in a blue moon, people will surprise you , and once in a while people may even take your breath away.
- Meredith Grey -
- Meredith Grey -
21 de novembro de 2007
Para espantar a chuva e os dias cinzentos...
- Angelina (zuma zuma baca la) -
Porque eu amasso-me a rir (pronto, agora não vou dizer outra coisa durantes os próximos tempos, e a culpa não é minha!!!) sempre que ouço esta música, porque me dá vontade de cantar zuma zuma baca la e de dançar ao som dos trompetes e do saxofone...
Recomendo a todos aqueles que já não suportam os dias de chuva e céu cinzento dos últimos tempos - deve-se ouvir bem alto (moderadamente alto, para quem tiver vizinhos!).
Não foi nada...
– Já é tarde
não sabemos se no relógio se no interior da gente, olhamos em volta, olhamos para dentro à procura, achamos episódios antigos, um triciclo, um avô a espantar-se
– O que tu cresceste
um colar de pérolas
(de quem?)
numa tacinha, achamos a nossa vida de hoje e qual o sentido da nossa vida de hoje, o que fazemos com ela, dias atrás de dias, o supermercado, o jantar no restaurante aos domingos, a maçada das crianças às vezes e não era bem isto que nos apetecia, não era bem isto o que tínhamos desejado, falta qualquer coisa, onde é que errámos, o que falhámos, não somos infelizes mas também não temos o que secretamente ansiávamos, os anos vão passando
(– o que tu cresceste)
e não temos o que secretamente ansiávamos, de vez em quando momentos tão vazios, de vez em quando, mesmo no meio dos outros, uma solidão tão grande, um desamparo, uma sensação de queda, esta dificuldade em respirar, porque a mobília sufoca, que vem e desaparece e volta, de vez em quando, sem motivo, vontade de chorar, não lágrimas grandes, não soluços, uma coisa vaga, uma pergunta
– E agora?
sem resposta, caras familiares que se tornam estranhas, se te abraçar continuo sozinho, o que se passa comigo, o que se passa connosco, o relógio prossegue
– Já é tarde
- António Lobo Antunes, para continuar a ler aqui!
não sabemos se no relógio se no interior da gente, olhamos em volta, olhamos para dentro à procura, achamos episódios antigos, um triciclo, um avô a espantar-se
– O que tu cresceste
um colar de pérolas
(de quem?)
numa tacinha, achamos a nossa vida de hoje e qual o sentido da nossa vida de hoje, o que fazemos com ela, dias atrás de dias, o supermercado, o jantar no restaurante aos domingos, a maçada das crianças às vezes e não era bem isto que nos apetecia, não era bem isto o que tínhamos desejado, falta qualquer coisa, onde é que errámos, o que falhámos, não somos infelizes mas também não temos o que secretamente ansiávamos, os anos vão passando
(– o que tu cresceste)
e não temos o que secretamente ansiávamos, de vez em quando momentos tão vazios, de vez em quando, mesmo no meio dos outros, uma solidão tão grande, um desamparo, uma sensação de queda, esta dificuldade em respirar, porque a mobília sufoca, que vem e desaparece e volta, de vez em quando, sem motivo, vontade de chorar, não lágrimas grandes, não soluços, uma coisa vaga, uma pergunta
– E agora?
sem resposta, caras familiares que se tornam estranhas, se te abraçar continuo sozinho, o que se passa comigo, o que se passa connosco, o relógio prossegue
– Já é tarde
- António Lobo Antunes, para continuar a ler aqui!
20 de novembro de 2007
17 de novembro de 2007
Abraçou-me como se abraça o tempo...
- Pedro Abrunhosa e Sandra de Sá -
Eu não sei quem te perdeu
Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
«Não partas nunca mais»
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu nao sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu nao sei quem te perdeu.
O mundo de Sophia... (13)
Será possível que nada se cumprisse?
Que o roseiral a brisa as folhas de hera
Fossem como palavras sem sentido
- Que nada sejam senão seu rosto ido
Sem regresso nem resposta - só perdido?
- Sophia -
Que o roseiral a brisa as folhas de hera
Fossem como palavras sem sentido
- Que nada sejam senão seu rosto ido
Sem regresso nem resposta - só perdido?
- Sophia -
16 de novembro de 2007
E enquanto não há amanhã...ilumina-me!
- Ilumina-me, de Pedro Abrunhosa -
Para todos aqueles que, diariamente, iluminam a minha vida...
11 de novembro de 2007
M&M + C
Gosto mais de voçês
do que de
sábado!
Obrigada por tudo! Nunca uma mentira me soube tão bem... desta vez estão perdoadas, mas escusavam de me ter feito sofrer tanto!*
8 de novembro de 2007
7 de novembro de 2007
Eu escrevo apenas...
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
- Paulo Leminski -
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
- Paulo Leminski -
Lugar do Desenho...
2 de novembro de 2007
O amor...
Plano
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
- Nuno Júdice -
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
- Nuno Júdice -
Te hecho de menos...
Para ti, porque apesar de stressares comigo em plena madrugada, já sinto a tua falta...
Sinto falta do teu mau-humor matinal, dos teus vipes, das jantaradas, da cozinha dessarumada, da cama por fazer, da música em altos berros, do Soldadito Marinero em repeat, dos teus atrasos, do Acorda-me daqui a 5 minutinhos, das preocupações conjuntas, das nossas conversas e até das nossas discussões, de passar o tempo todo a dizer Pedro, por favor, despacha-te, da biblioteca que deixas sempre no quarto-de-banho e que eu tenho que arrumar, de fazeres exactamente o contrário daquilo que eu te digo, depois de teres pedido a minha opinião, de te despenteares durante horas frente ao espelho, de te ouvir falar sobre vinhos, cozinha e todas as tuas outras paixões, de me mostrares vezes sem conta as mesmas fotografias e fazeres exactamente os mesmos comentários, de me fazeres dobrar camisas, calças e T-shirts madrugada dentro, de stressar contigo por ainda não teres a mala pronta...enfim, de te ter aqui, simplesmente!
E porque me fizeste chorar a rir com os teus comentários durante o Sem Reserva e me emocionaste ao recordares os tempos do Trinca-Espinhas, onde esta música era tocada frequentemente, deixo-te aqui a Viene via con me, do inconfundível Paolo Conte, que ambos adoramos.
Boa sorte nesta tua nova aventura, meu Pedrito, El Mariachi... e não te esqueças de ser feliz!*
31 de outubro de 2007
Aquele abraço...
Porque os abraços ganharam uma dimensão real e palpável...
Porque nos esquecemos de ser tímidas e parece que nos conhecemos desde sempre...
Porque quando acordamos somos insuportáveis, ou até mesmo impossíveis e estúpidas...
Porque tudo o que pique nós não gostamos...
Porque há pessoas do Porto que até são boas pessoas...
Porque nós, definitivamente, não temos ligações a essas cenas...
Porque há uma de nós que é a mais alta de todas...
Porque quando estamos nervosas gostamos de andar de um lado para o outro e não ficarmos paradas no mesmo sítio...
Porque quando nos perguntam, O que é que voçês querem comer?, nós respondemos: Comida!!!...
Porque, por momentos nos pareceu ver o Santiago, quando, na carruagem do Metro, ouviamos a "Eu estou aqui!"...
Porque às vezes nós somos muito cocozinhas...
Porque somos todas loucas e é a mais pura verdade...
Porque, Carago, veio tudo atrás de nós.Temos mel!...
Porque ficamos sóbrias depois de beber café...
Porque somos reguilas na cama...Salvo seja!!!...
Porque crianças, crianças, mas nós gostamos...
Porque há entre nós pitas muito evoluídas...
Porque às tantas, alguém nos coisou... (estas quatro frases seguidas ficam LINDAS!!!)
Porque nós só queremos que alguém nos atire contra a parede e nos chame de lagartixa...
Porque agora só me apetece perguntar: Já se leram?!...
Porque, não é só ao acordar, nós somos sempre impossíveis!
Porque eu gosto mais de voçês do que de chocolate, deixo-vos aqui um abraço, para compensar aquele que certas meninas me ficaram a dever no Domingo... ah, mas não se livram de ter que me ressarcir com mais uns abracinhos um dia destes, e com juros!
E porque foi bom demais ter-vos a todas
à minha beira, fico ansiosamente à espera de uma repetição!
Até já...GMDV, Mar*
30 de outubro de 2007
Não sei que te dirão num futuro mais perto...
Um pouco só de Goya: carta a minha filha*
Lembras-te de dizer que a vida era uma fila?
Eras pequena e o cabelo mais claro,
mas os olhos: iguais. Na metáfora dada
pela infância, perguntavas do espanto
da morte e do nascer, e de quem se seguia
e porque se seguia, ou da total ausência
de razão nessa cadeia em sonho de novelo.
Hoje, nesta noite tão quente rompendo-se
de junho, o teu cabelo claro mais escuro,
queria contar-te que a vida é também isso:
uma fila no espaço, uma fila no tempo,
e que o teu tempo ao meu se seguirá.
Num estilo que gostava, esse de um homem
que um dia lembrou Goya numa carta a seus
filhos, queria dizer-te que a vida é também
isto: uma espingarda às vezes carregada
(como dizia uma mulher sozinha, mas grande
de jardim). Mostrar-te leite-creme, deixar-te
testamentos, falar-te de tigelas - é sempre
olhar-te amor. Mas é também desordenar-te à
vida, entrincheirar-te, e a mim, em fila descontínua
de mentiras, em carinho de verso.
E o que queria dizer-te é dos nexos da vida,
de quem habita para além do ar.
E que o respeito inteiro e infinito
não precisa de vir depois do amor.
Nem antes. Que as filas só são úteis
como formas de olhar, maneiras de ordenar
o nosso espanto, mas que é possível pontos
paralelos, espelhos e não janelas.
E que tudo está bem e é bom: fila ou
novelo, duas cabeças tais num corpo só,
ou um dragão sem fogo, ou unicórnio
ameaçando chamas muito vivas.
Como o cabelo claro que tinhas nessa altura
se transformou castanho, ainda claro,
e a metáfora feita pela infância
se revelou tão boa no poema. Se revela
tão útil para falar da vida, essa que,
sem tigelas, intactas ou partidas, continua
a ser boa, mesmo que em dissonância de novelo.
Não sei que te dirão num futuro mais perto,
se quem assim habita os espaços das vidas
tem olhos de gigante ou chifres monstruosos.
Porque te amo, queria-te um antídoto
igual a elixir, que te fizesse grande
de repente, voando, como fada, sobre a fila.
Mas por te amar, não posso fazer isso,
e nesta noite quente a rasgar junho,
quero dizer-te da fila e do novelo
e das formas de amar todas diversas,
mas feitas de pequenos sons de espanto,
se o justo e o humano aí se abraçam.
A vida, minha filha, pode ser
de metáfora outra: uma língua de fogo;
uma camisa branca da cor do pesadelo.
Mas também esse bolbo que me deste,
e que agora floriu, passado um ano.
Porque houve terra, alguma água leve,
e uma varanda a libertar-lhe os passos.
- Ana Luísa Amaral -
Lembras-te de dizer que a vida era uma fila?
Eras pequena e o cabelo mais claro,
mas os olhos: iguais. Na metáfora dada
pela infância, perguntavas do espanto
da morte e do nascer, e de quem se seguia
e porque se seguia, ou da total ausência
de razão nessa cadeia em sonho de novelo.
Hoje, nesta noite tão quente rompendo-se
de junho, o teu cabelo claro mais escuro,
queria contar-te que a vida é também isso:
uma fila no espaço, uma fila no tempo,
e que o teu tempo ao meu se seguirá.
Num estilo que gostava, esse de um homem
que um dia lembrou Goya numa carta a seus
filhos, queria dizer-te que a vida é também
isto: uma espingarda às vezes carregada
(como dizia uma mulher sozinha, mas grande
de jardim). Mostrar-te leite-creme, deixar-te
testamentos, falar-te de tigelas - é sempre
olhar-te amor. Mas é também desordenar-te à
vida, entrincheirar-te, e a mim, em fila descontínua
de mentiras, em carinho de verso.
E o que queria dizer-te é dos nexos da vida,
de quem habita para além do ar.
E que o respeito inteiro e infinito
não precisa de vir depois do amor.
Nem antes. Que as filas só são úteis
como formas de olhar, maneiras de ordenar
o nosso espanto, mas que é possível pontos
paralelos, espelhos e não janelas.
E que tudo está bem e é bom: fila ou
novelo, duas cabeças tais num corpo só,
ou um dragão sem fogo, ou unicórnio
ameaçando chamas muito vivas.
Como o cabelo claro que tinhas nessa altura
se transformou castanho, ainda claro,
e a metáfora feita pela infância
se revelou tão boa no poema. Se revela
tão útil para falar da vida, essa que,
sem tigelas, intactas ou partidas, continua
a ser boa, mesmo que em dissonância de novelo.
Não sei que te dirão num futuro mais perto,
se quem assim habita os espaços das vidas
tem olhos de gigante ou chifres monstruosos.
Porque te amo, queria-te um antídoto
igual a elixir, que te fizesse grande
de repente, voando, como fada, sobre a fila.
Mas por te amar, não posso fazer isso,
e nesta noite quente a rasgar junho,
quero dizer-te da fila e do novelo
e das formas de amar todas diversas,
mas feitas de pequenos sons de espanto,
se o justo e o humano aí se abraçam.
A vida, minha filha, pode ser
de metáfora outra: uma língua de fogo;
uma camisa branca da cor do pesadelo.
Mas também esse bolbo que me deste,
e que agora floriu, passado um ano.
Porque houve terra, alguma água leve,
e uma varanda a libertar-lhe os passos.
- Ana Luísa Amaral -
* (ou, neste caso, carta a uma irmã...)
Porque eu sei que entendeste e porque te sinto preparada para voar mais alto e percorrer um pouco mais a linha da tua Vida, que será de Felicidade... basta que continues a acreditar! M&M*
22 de outubro de 2007
A palavra escrita, a realidade e os livros...
«(...)A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana, assim como as grandes atitudes imóveis das estátuas me ensinaram a apreciar os gestos. Em contrapartida, e posteriormente, a vida fez-me compreender os livros.
Mas estes mentem, ainda os mais sinceros. Os menos hábeis, por falta de palavras e de frases onde possam abrangê-la, traçam da vida uma imagem trivial e pobre; alguns, como Lucano, tornam-na mais pesada e obstruída com uma solenidade que ela não tem. Outros, pelo contrário, como Perónio, aligeiram-na, fazem dela uma bola saltitante e vazia, fácil de receber e de atirar num universo sem peso. Os poetas transportam-nos a um mundo mais vasto ou mais belo, mais ardente ou mais doce que este que nos é dado, por isso mesmo diferente e praticamente quase inabitável. Os filósofos, para poderem estudar a realidade pura, submetem-na quase às mesmas transformações a que o fogo ou o pilão submetem os corpos: coisa alguma de um ser ou de um facto, tal como nós o conhecemos, parece subsistir nesses cristais ou nessas cinzas. Os historiadores apresentam-nos, do passado, sistemas excessivamente completos, séries de causas e efeitos exactos e claros de mais para terem sido alguma vez inteiramente verdadeiros; dispõem de novo esta dócil matéria morta, e eu sei que Alexandre descapará sempre mesmo a Plutarco. Os narradores, os autores de fábulas milésias, não fazem mais, como os carniceiros, que pendurar no açougue pequenos bocados de carne apreciados pelas moscas. Adaptar-me-ia muito mal a um mundo sem livros; mas a realidade não está lá, porque eles não a contêm inteira.(...)»
- in Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar -
Mas estes mentem, ainda os mais sinceros. Os menos hábeis, por falta de palavras e de frases onde possam abrangê-la, traçam da vida uma imagem trivial e pobre; alguns, como Lucano, tornam-na mais pesada e obstruída com uma solenidade que ela não tem. Outros, pelo contrário, como Perónio, aligeiram-na, fazem dela uma bola saltitante e vazia, fácil de receber e de atirar num universo sem peso. Os poetas transportam-nos a um mundo mais vasto ou mais belo, mais ardente ou mais doce que este que nos é dado, por isso mesmo diferente e praticamente quase inabitável. Os filósofos, para poderem estudar a realidade pura, submetem-na quase às mesmas transformações a que o fogo ou o pilão submetem os corpos: coisa alguma de um ser ou de um facto, tal como nós o conhecemos, parece subsistir nesses cristais ou nessas cinzas. Os historiadores apresentam-nos, do passado, sistemas excessivamente completos, séries de causas e efeitos exactos e claros de mais para terem sido alguma vez inteiramente verdadeiros; dispõem de novo esta dócil matéria morta, e eu sei que Alexandre descapará sempre mesmo a Plutarco. Os narradores, os autores de fábulas milésias, não fazem mais, como os carniceiros, que pendurar no açougue pequenos bocados de carne apreciados pelas moscas. Adaptar-me-ia muito mal a um mundo sem livros; mas a realidade não está lá, porque eles não a contêm inteira.(...)»
- in Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar -
19 de outubro de 2007
O mundo de Sophia... (12)
Cada dia é mais evidente que partimos
Sem nenhum possível regresso no que fomos,
Cada dia as horas se despem mais do alimento:
Não há saudades nem terror que baste
17 de outubro de 2007
16 de outubro de 2007
Da vizinhança (10)
Como aprender a língua de Shakespeare a bordo do nosso cada vez mais internacionalizado Tube of Surface (vulgo Metro), enquanto se dirige, por exemplo, em direcção (direction) a esse local de culto e de peregrinação que é o Estádio do Dragão (Dragon Stadium):
"Between at Music House and skirt at Big Bubble." - licções de Inglês (Técnico), completamente grátis, na Thumbelina!
"Between at Music House and skirt at Big Bubble." - licções de Inglês (Técnico), completamente grátis, na Thumbelina!
Da vizinhança (9)
« (...)De todos os mares do Sul e do Norte nenhum se compara a este português oceano Atlântico num dia de Outono escaldante. (...)Neste dia claro, que traz à cabeça a clareza das coisas simples, um dia tão cheio de liberdade, observo os adolescentes esparsos que namoriscam, falam ao telemóvel, se empurram uns contra os outros, e vestem e despem fatos de neoprene que lhes desenham corpos de atletas. As raparigas são tão diferentes das oprimidas do meu tempo, são umas beldades em biquinis reduzidos, são altas e espadaúdas e bem alimentadas e tão livres e capazes como os rapazes saídos de um anúncio da Califórnia, com cabelos doirados por sol e surf e ombros olímpicos. Uns e outros entram e saem da água com as pranchas, indiferentes ao vento, ao adiantado da hora e da estação.
No meu tempo e no tempo da censura marcelista, tendo a revolução posto fim à minha adolescência, uma cena destas no Outono seria quase tão proibida como o dito "Outono Escaldante", um desses filmes nulos com uma actriz italiana, Alain Delon e um realizador com o óbvio nome de Valério Zurlini a encenar uma fotocópia erótica dos ensaios de Rohmer.(...)
Jamais conseguiremos explicar a estes miúdos o que foi aquilo, a supressão da razão e da vontade, a venda e o medo. Seria como pisar uma alforreca morta.»
- Clara Ferreira Alves, para continuar a ler aqui!
No meu tempo e no tempo da censura marcelista, tendo a revolução posto fim à minha adolescência, uma cena destas no Outono seria quase tão proibida como o dito "Outono Escaldante", um desses filmes nulos com uma actriz italiana, Alain Delon e um realizador com o óbvio nome de Valério Zurlini a encenar uma fotocópia erótica dos ensaios de Rohmer.(...)
Jamais conseguiremos explicar a estes miúdos o que foi aquilo, a supressão da razão e da vontade, a venda e o medo. Seria como pisar uma alforreca morta.»
- Clara Ferreira Alves, para continuar a ler aqui!
14 de outubro de 2007
M & M
Faz hoje uma semana… As novas tecnologias servem para isso mesmo!, havia-me dito a Cerejinha já por várias vezes. Verdade, mas há coisas que são demasiado importantes e o medo de que o encanto se quebrasse, de alguma forma, não havia permitido, ainda, que aquele momento acontecesse.
O que é que eu faço contigo?, tem sido a pergunta que mais tenho feito ultimamente. A resposta, vou encontrando a cada passo desta nossa viagem, à medida que vou descobrindo os teus mistérios, as afinidades partilhadas e as diferenças que nos enriquecem e fazem de nós pessoas melhores.
Agora só falta mesmo o Eu estou aqui, seguido de um abraço gigante e apertado, daqueles capazes de juntar a Lua e o Mar.
M&M?! Ai e tal….porque há coisas que não se explicam!
O que é que eu faço contigo?, tem sido a pergunta que mais tenho feito ultimamente. A resposta, vou encontrando a cada passo desta nossa viagem, à medida que vou descobrindo os teus mistérios, as afinidades partilhadas e as diferenças que nos enriquecem e fazem de nós pessoas melhores.
Agora só falta mesmo o Eu estou aqui, seguido de um abraço gigante e apertado, daqueles capazes de juntar a Lua e o Mar.
M&M?! Ai e tal….porque há coisas que não se explicam!
13 de outubro de 2007
A brusca poesia da mulher amada (II)
A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio
É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite
E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada
É quem traça a curva do horizonte e dá linha ao movimento dos
astros.
Não há solidão sem que sobrevenha a mulher amada
Em seu acúmen. A mulher amada é o padrão índigo da cúpula
E o elemento verde antagônico. A mulher amada
É o tempo passado no tempo presente no tempo futuro
No sem tempo. A mulher amada é o navio submerso
É o tempo submerso, é a montanha imersa em líquen.
É o mar, é o mar, é o mar a mulher amada
E sua ausência. Longe, no fundo plácido da noite
Outra coisa não é senão o seio da mulher amada
Que ilumina a cegueira dos homens. Alta, tranqüila e trágica
É essa que eu chamo pelo nome de mulher amada.
Nascitura. Nascitura da mulher amada
É a mulher amada. A mulher amada é a mulher amada é a mulher
amada
É a mulher amada. Quem é que semeia o vento? – a mulher amada!
Quem colhe a tempestade? – a mulher amada!
Quem determina os meridianos? – a mulher amada!
Quem a misteriosa portadora de si mesma? A mulher amada.
Talvegue, estrela, petardo
Nada a não ser a mulher amada necessariamente amada
Quando! E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!
- Vinícius de Moraes -
A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio
É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite
E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada
É quem traça a curva do horizonte e dá linha ao movimento dos
astros.
Não há solidão sem que sobrevenha a mulher amada
Em seu acúmen. A mulher amada é o padrão índigo da cúpula
E o elemento verde antagônico. A mulher amada
É o tempo passado no tempo presente no tempo futuro
No sem tempo. A mulher amada é o navio submerso
É o tempo submerso, é a montanha imersa em líquen.
É o mar, é o mar, é o mar a mulher amada
E sua ausência. Longe, no fundo plácido da noite
Outra coisa não é senão o seio da mulher amada
Que ilumina a cegueira dos homens. Alta, tranqüila e trágica
É essa que eu chamo pelo nome de mulher amada.
Nascitura. Nascitura da mulher amada
É a mulher amada. A mulher amada é a mulher amada é a mulher
amada
É a mulher amada. Quem é que semeia o vento? – a mulher amada!
Quem colhe a tempestade? – a mulher amada!
Quem determina os meridianos? – a mulher amada!
Quem a misteriosa portadora de si mesma? A mulher amada.
Talvegue, estrela, petardo
Nada a não ser a mulher amada necessariamente amada
Quando! E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!
- Vinícius de Moraes -
12 de outubro de 2007
Soldadito Marinero
Él camina despacito que las prisas no son buenas
En su brazo dobladita, con cuidado la chaqueta
Luego pasa por la calle dónde los chavales juegan
Él también quiso ser niño pero le pilló la guerra.
Soldadito marinero conociste a una sirena
de esas que dicen te quiero si ven la cartera llena
Escogiste a la más guapa y a la menos buena
Sin saber como ha venido te ha cogido la tormenta
Él quería cruzar los mares y olvidar a su sirena
la verdad, no fue difícil cuando conoció a Mariela
que tenía los ojos verdes y un negocio entre las piernas
hay que ver que puntería, no te arrimas a una buena.
Soldadito marinero conociste a una sirena
de esas que dicen te quiero si ven la cartera llena.
Escogiste la más guapa y a la menos buena
Sin saber como ha venido te ha cogido la tormenta
Después de un invierno malo, una mala primavera
dime por que estas buscando una lágrima en la arena
- Fito & Los Fitipaldis -
Pedrito, continuará a tocar por aqui também... para que os vizinhos não estranhem e não sintam saudades tuas!
Porta-te bem aí em St.Pol e até 3º feira... te hecho de menos!
Él camina despacito que las prisas no son buenas
En su brazo dobladita, con cuidado la chaqueta
Luego pasa por la calle dónde los chavales juegan
Él también quiso ser niño pero le pilló la guerra.
Soldadito marinero conociste a una sirena
de esas que dicen te quiero si ven la cartera llena
Escogiste a la más guapa y a la menos buena
Sin saber como ha venido te ha cogido la tormenta
Él quería cruzar los mares y olvidar a su sirena
la verdad, no fue difícil cuando conoció a Mariela
que tenía los ojos verdes y un negocio entre las piernas
hay que ver que puntería, no te arrimas a una buena.
Soldadito marinero conociste a una sirena
de esas que dicen te quiero si ven la cartera llena.
Escogiste la más guapa y a la menos buena
Sin saber como ha venido te ha cogido la tormenta
Después de un invierno malo, una mala primavera
dime por que estas buscando una lágrima en la arena
- Fito & Los Fitipaldis -
Pedrito, continuará a tocar por aqui também... para que os vizinhos não estranhem e não sintam saudades tuas!
Porta-te bem aí em St.Pol e até 3º feira... te hecho de menos!
11 de outubro de 2007
A tua (nossa) cidade...
Para o Luis (as saudades que eu já tinha de estar assim contigo, primo!), que ontem ao almoço me emocionou quando começou a falar da sua, minha, nossa cidade - o Rio - que, apesar dos pesares, ainda é a Cidade Maravilhosa!
Por momentos, fomos os três transportados para lá e o nosso almoço ganhou um colorido diferente! Quem sabe um dia não nos encontraremos todos, do outro lado do Atlântico, a brindar à vida e à amizade com uma água de côco, um chopinho ou uma caipirinha... Né, Luisinho?!
Que sabes tu do fim?
Goza o vôo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nossas estradas,tempo e vento,desabam no abismo.
Que sabes tu do fim ?
Se temes que teu mistério seja uma noite,enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota,como um pássaro,as canções que tens na garganta.
Canta.Canta para conservar a ilusão de festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste não és mais que um vôo no tempo.
Rumo ao céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas.
- Menotti del Picchia -
Não indagues se nossas estradas,tempo e vento,desabam no abismo.
Que sabes tu do fim ?
Se temes que teu mistério seja uma noite,enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota,como um pássaro,as canções que tens na garganta.
Canta.Canta para conservar a ilusão de festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste não és mais que um vôo no tempo.
Rumo ao céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas.
- Menotti del Picchia -
9 de outubro de 2007
Hoje tive um sonho bom, daqueles que nos fazem acordar com um sorriso...
Foi daqueles sonhos esquisitos e completamente impossíveis de transportar para a realidade, onde se cruzam várias pessoas que, de uma forma ou de outra, fazem parte da minha vida, mas que nunca se cruzaram entre si... ou pelo menos, algumas delas ainda não o fizeram!
Acordei com a sensação de que, apesar de tudo, esta coisa estranha a que chamam Vida, vale mesmo a pena. Para lá dos problemas, dos aborrecimentos e dos momentos em que tudo à nossa volta parece desmoronar-se, há todo um Mundo de coisas boas apenas à espera de serem descobertas e vividas intensamente!
Por mais inusitado que possa parecer, a primeira imagem que me veio à cabeça assim que acordei, foi a de Julie Christie, enquanto Lara no Doutor Jivago, ao mesmo tempo que não conseguia parar de trautear o célebre "Lara's Theme - Somewhere my love"... talvez porque desde a primeira vez que vi o filme, sempre desejei ser amada daquela forma, mesmo que o desfecho desse amor fosse igualmente triste; ou talvez porque aquela música sempre fez parte da banda sonora da minha vida, trazendo-me as mais variadas recordações.
Seja como for, foi um sonho bom... e não poderia ter começado melhor o dia!
Foi daqueles sonhos esquisitos e completamente impossíveis de transportar para a realidade, onde se cruzam várias pessoas que, de uma forma ou de outra, fazem parte da minha vida, mas que nunca se cruzaram entre si... ou pelo menos, algumas delas ainda não o fizeram!
Acordei com a sensação de que, apesar de tudo, esta coisa estranha a que chamam Vida, vale mesmo a pena. Para lá dos problemas, dos aborrecimentos e dos momentos em que tudo à nossa volta parece desmoronar-se, há todo um Mundo de coisas boas apenas à espera de serem descobertas e vividas intensamente!
Por mais inusitado que possa parecer, a primeira imagem que me veio à cabeça assim que acordei, foi a de Julie Christie, enquanto Lara no Doutor Jivago, ao mesmo tempo que não conseguia parar de trautear o célebre "Lara's Theme - Somewhere my love"... talvez porque desde a primeira vez que vi o filme, sempre desejei ser amada daquela forma, mesmo que o desfecho desse amor fosse igualmente triste; ou talvez porque aquela música sempre fez parte da banda sonora da minha vida, trazendo-me as mais variadas recordações.
Seja como for, foi um sonho bom... e não poderia ter começado melhor o dia!
4 de outubro de 2007
Pedi ao Mar alguém como tu...
Andei à deriva,
Perdi-me no Mar
Corri o Mundo
Até te encontrar
Aqui te encontrei
Neste nosso cantinho,
Enquanto procurei
Perdi-me no caminho
Olhei as estrelas
Pedi ao Mar
Alguém como tu
Para me iluminar
Viajaremos
Correremos o Mundo
Esse Mundo teremos
Num sorriso profundo
Por aqui sorri, chorei
Brinquei...olhei horizontes
Que contigo partilhei
O meu espelho é uma paisagem
Um mar azul que sei que não é Miragem
É a realidade de um acaso
Com sentido
---- Pequenina ------
* Não resisti, minha Pequenina... algo tão bonito até era pecado guardar só para mim!*
Perdi-me no Mar
Corri o Mundo
Até te encontrar
Aqui te encontrei
Neste nosso cantinho,
Enquanto procurei
Perdi-me no caminho
Olhei as estrelas
Pedi ao Mar
Alguém como tu
Para me iluminar
Viajaremos
Correremos o Mundo
Esse Mundo teremos
Num sorriso profundo
Por aqui sorri, chorei
Brinquei...olhei horizontes
Que contigo partilhei
O meu espelho é uma paisagem
Um mar azul que sei que não é Miragem
É a realidade de um acaso
Com sentido
---- Pequenina ------
* Não resisti, minha Pequenina... algo tão bonito até era pecado guardar só para mim!*
2 de outubro de 2007
O mundo de Sophia... (11)
Bebido o Luar
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Porquê jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
- Sophia -
1 de outubro de 2007
Secretas vêm, cheias de memória...
AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
- Eugénio de Andrade -
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
- Eugénio de Andrade -
29 de setembro de 2007
Heal Over...
KT Tunstall - para a Minha Pequenina... obrigada por tudo! Principalmente, por seres a minha irmã mais nova, tão especial!!!
28 de setembro de 2007
Nessa noite de ondas e de vento...
NA SALA
Ouvia-se o barulho do mar à noite.
Talvez não estivesse ninguém na praia (que
poderia alguém estar a fazer, numa praia,
à noite?) - mas
era como se o barulho do mar tivesse, por trás,
as vozes de alguém que contasse uma história
de viagens e de ventos.
Onde se estava bem, no entanto,
era dentro de casa, onde o barulho do mar
parecia trazer as conversas de alguém,
na praia, com o vento. É verdade
que a janela estava aberta e, por trás
do muro de pedra e das árvores,
a luz de um candeeiro chegava até à praia
onde não devia estar ninguém, nessa noite
de ondas e de vento.
Podia ser o tempo das férias com efeito,
era o tempo em que se tinha férias
sem se saber bem qual a distinção entre o tempo de férias
e o outro tempo. O que se sabia, por outro lado, era
se estava alguém na praia ou não e, de noite,
ninguém devia estar na praia, embora o vento trouxesse
um ruído de conversas que se confundia com o barulho
do vento.
- Nuno Júdice -
26 de setembro de 2007
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
- Álvaro de Campos -
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
- Álvaro de Campos -
25 de setembro de 2007
A Pouco e Pouco...
José Cid - "faz-me favas com chouriço!" - para a Patareca e a Vanessa, por me ensinarem o que é o verdadeiro romantismo!
24 de setembro de 2007
Transat 6.5... bem-vindos!!!
Começaram a chegar esta madrugada à Madeira, os primeiros velejadores da Regata Transat.
Francisco Lobato, o único português na prova, deve chegar ao arquipélago durante o dia de amanhã.
22 de setembro de 2007
Porque hoje é o teu dia...
Muitas Felicidades!!!
Que o dia de hoje te traga apenas coisas boas e se repita por muitos e bons anos!!!
E, já agora, que eu esteja sempre presente, para te ajudar a apagar a velinha!
" Inês: o nome...
Inês é nome que se pronuncia
para instigar ou seduzir prodígios,
é senha que as sibilas balbuciam
ao decifrar enigmas cabalísticos.
É mais do que isto: códice da língua,
raiz da fala, bulbo do lirismo.
É génese da raça e do suplício,
arché do amor e substância prima.
É mais ainda: tálamo do espírito,
dessa alquimia de morrer em vida
e retornar na antítese do epílogo.
E quem disser que Inês é apenas mito
- mente. E faz dela inútil pergaminho.
E da poesia um animal sem vísceras."
- Ivan Junqueira -
Inês é nome que se pronuncia
para instigar ou seduzir prodígios,
é senha que as sibilas balbuciam
ao decifrar enigmas cabalísticos.
É mais do que isto: códice da língua,
raiz da fala, bulbo do lirismo.
É génese da raça e do suplício,
arché do amor e substância prima.
É mais ainda: tálamo do espírito,
dessa alquimia de morrer em vida
e retornar na antítese do epílogo.
E quem disser que Inês é apenas mito
- mente. E faz dela inútil pergaminho.
E da poesia um animal sem vísceras."
- Ivan Junqueira -
" Mar adentro, mar adentro. Y en la ingravidez del fondo donde se cumplen los sueños se juntan dos voluntades para cumplir un deseo. Un beso enciende la vida con un relámpago y un trueno, y en una metamorfosis mi cuerpo no es ya mi cuerpo, es como penetrar al centro del universo. El abrazo más pueril y el más puro de los besos hasta vernos reducidos en un único deseo. Tu mirada y mi mirada como un eco repitiendo, sin palabras, 'más adentro', 'más adentro' hasta el más allá del todo por la sangre y por los huesos. Pero me despierto siempre y siempre quiero estar muerto, para seguir con mi boca enredada en tus cabellos. "
- Ramón Sampedro -
(Para a Vivi...por ligar e desligar a minha memória cinéfila e you know why!)
- Ramón Sampedro -
(Para a Vivi...por ligar e desligar a minha memória cinéfila e you know why!)
21 de setembro de 2007
Reservas da Biosfera
Vista da Ilha da Graciosa
As ilhas do Corvo e da Graciosa, nos Açores, foram classificadas pela UNESCO como Reservas da Biosfera - esta classificação tem como principal função a defesa e protecção da biodiversidade, o desenvolvimento sustentado e o conhecimento científico.
19 de setembro de 2007
18 de setembro de 2007
Gastámos tudo menos o silêncio...
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certezade que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
- Eugénio de Andrade -
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certezade que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
- Eugénio de Andrade -
17 de setembro de 2007
Mas os outros não sentirão assim também?
Na Casa Defronte
Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!
Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não sou eu.
As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.
As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.
Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.
Que grande felicidade não ser eu!
Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.
Nada! Não sei...
Um nada que dói ...
- Álvaro de Campos -
Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!
Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não sou eu.
As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.
As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.
Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.
Que grande felicidade não ser eu!
Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.
Nada! Não sei...
Um nada que dói ...
- Álvaro de Campos -
16 de setembro de 2007
Levantar cedo...
Isto de levantar com as galinhas, num Domingo, depois de passar uma noite a pé, a fazer nem sei bem o quê, não dá com nada!!!
Se a isto juntarmos uma ida matinal ao shopping, com mamãe, para comprar também nem sei bem o quê, ficamos com aquilo que não deve ser um Domingo decente... mas pronto, fui compensada com um bom almoço e a companhia também esteve agradável!
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