24 de março de 2014

London 6.






Não foi uma decisão fácil, a de deixar os museus de fora dos nossos dias em Londres. Quatro dias incompletos (três, no meu caso, pois um dia foi passado em entrevistas e provas) não chegam para tudo e, por isso, tivemos que fazer uma escolha difícil e optamos por andar o mais que conseguíssemos pela cidade, sentir-lhe o pulso, apreciar a arquitectura, os monumentos, o congestionamento calculado do trânsito, o fluir das suas gentes, os parques, a forma como a urbe se organiza - os museus, as galerias de arte e o interior de alguns monumentos que gostaríamos de visitar tiveram que ficar para uma próxima vez e isso só nos dá ainda mais alento para lá voltarmos em breve. 
A única excepção? O Museu de História Natural e os seus dinossauros, entre outras coisas (coisas essas que também ficaram para uma nova visita à cidade), numa visita relâmpago. O motivo é simples e bastante pessoal, pelo que vale o vale: quando era miúda, teria aí uns seis ou sete anos, o meu primo João, o meu primo mais próximo em idade, foi a Londres de férias com os pais e o irmão. O David, pai do João, é inglês, férias em Inglaterra eram normais para eles e uma excitação para os restantes primos, pelas aventuras que sempre traziam para contar no regresso. Nesse ano, em particular, o João trazia histórias fantásticas e livros a comprovarem-nas. Uma delas era o relato da visita ao Museu de História Natural e o livro em 3D dos dinossauros, alusivo à exposição permanente dos esqueletos, fósseis e demais particularidades do referido animal. Eu, que à época queria ser arqueóloga e andava fascinada pelos Tiranossauros e companhia, vidrei no livro, que folheei vezes sem conta. Para além disso, o David tem uma maneira muito especial e pormenorizada de contar histórias, que me cativa ainda hoje. Talvez o sotaque very british que nunca perdeu seja parte do charme, assim como os detalhes que só ele parece conseguir observar. 
A verdade é que aquela ida ao Museu ficou para sempre gravada nas minhas memórias de infância como uma aventura inesquecível e sempre soube que na primeira vez que pisasse solo londrino iria recriá-la à minha maneira - assim foi: um sorriso de orelha a orelha, um brilho infantil no olhar e um uauuu despudorado mal pus os pés no átrio e me vi de caras com o primeiro esqueleto gigante. Ali, à minha frente. Valeu a pena a espera e sim, é muito bom de vez em quando deixar sair a criança que há em nós. É revigorante.

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