Por estes dias, vou-me consolando com os que ainda restam - poucos já, muitos deles comidos pelos pássaros, outros tombados pela chuva e pelo vento e esborrachados em quedas inglórias, outros tantos apodrecidos ainda na árvore. Os velhos dióspireiros do jardim da avó A. todos os anos cumprem o seu desígnio e enchem os meus finais de Verão e começos de Outono de sabores que me transportam para bem longe no tempo e de uma explosão de cor que me ajuda a ultrapassar a mudança de luz, os dias mais curtos e a necessidade de roupa mais quente em cima da pele.
Gosto de pensar que herdei a mestria da avó A. e do avô C. no que ao arranjar do fruto diz respeito, para melhor o poder degustar em seguida. Uma perícia de técnica e destreza de extrema sensibilidade, um bailado sincronizado entre colher e faca. A mão precisa da avó, o jeito único de manusear a faca do avô, o deleite de ambos. É impossível deixar de sorrir de cada vez que como um dióspiro e os consigo imaginar novamente ao meu lado, à mesa, um dos nossos sítios preferidos.
*Com um beijinho directamente para a Suíça ;)
4 comentários:
Eu gosto muito mas se forem dos duros...esses, confesso nao consigo comer! Mas já as arvores dos diospiros, adoro, quando carregadinhas parecem arvores de natal enefeitados com dezenas de bolas :)
Eu é exactamente ao contrário: dos duros não gosto nada, só destes assim bem laranjinhas e prontos para serem comidos às colheradas ;)
Os dióspireiros carregadinhos são das coisas mais bonitas desta altura do ano, sim!
Sai um beijo enorme da Invicta para Bruxelas...e um abraço, daqueles!
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Ohhhhhhh... só vi isto agora! Obrigada :) e agora fizeste-me ter saudades dos dióspiros que não comi este ano. Aqui na Suíça ainda não vi ou se vi foram dos de roer que detesto. Deixam-me a língua pastosa e esquisita!!
Um beijinhos grande, grande para ti Mar* e também para a Merenwen ;)
De nada ;-) É mesmo,os dióspiros duros deixam-nos com "boca de cortiça" como dizia o meu irmão em pequeno.
Beijinhos*
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