6 de outubro de 2009

Dos amigos...

Esses estranhos que nós amamos  
e nos amam  
olhamos para eles e são sempre  
adolescentes, assustados e sós  
sem nenhum sentido prático  
sem grande noção da ameaça ou da renúncia  
que sobre a luz incide  
descuidados e intensos no seu exagero  
de temporalidade pura   

Um dia acordamos tristes da sua tristeza  
pois o fortuito significado dos campos  
explica por outras palavras  
aquilo que tornava os olhos incomparáveis   

Mas a impressão maior é a da alegria  
de uma maneira que nem se consegue  
e por isso ténue, misteriosa:  
talvez seja assim todo o amor  

 - José Tolentino de Mendonça - 

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