3 de julho de 2012

Essa espécie de beleza.

Gostava dessa espécie de beleza
que podemos surpreender a cada passo,
desvelada pelo acaso numa esquina
de arrabalde; a beleza de uma casa devoluta
que foi toda a infância de alguém,
com visitas ao domingo e tardes no quintal
depois da escola; a beleza crepuscular
de alguns rostos num retrato de família
a preto e branco, ou a de certos hotéis
que conheceram há muito os seus dias de fulgor
e foram perdendo estrelas; a beleza condenada
que nos toma de repente, como um verso
ou o desejo, como um copo que se parte
e dispersa no soalho a frágil luz de um instante.
Gostava de tudo isso que o deixava muito a sós
consigo mesmo, essa espécie de beleza
arruinada
onde a vida encontra o espelho mais fiel.
 
- Rui Pires Cabral - *

* aqui

Meninos e meninas, senhores e senhoras, estimado público,




temos o prazer de vos apresentar a Princesa Rosinha!


Ficha técnica:

ideia e projecto - Mar e Little A.;
nome da criatura - Little A.; 
execução - Mar, Little A. e Micas;
guarda-roupa - Mar, Little A., Micas e Ji;
acessórios - Mar e Little A.;
maquilhagem - Little A.;
cabelos - Mar;
transporte, controlo de crises e danos - Rafa

21 de junho de 2012

É doce morrer no mar*

Fui ver o vídeo a pedido da Rita Maria, cujos pedidos são sempre ordens cumpridas com gosto, pois saio sempre a ganhar. 

Desta vez não foi excepção. São quinze minutos de uma curta-metragem muito bonita e comovente, simples e profundamente tocante. Fez o meu dia e deixou os meus olhos marejados, alterando-lhes a cor para um azul-cinza-mar de noite límpida e estrelada.

Está a concurso aqui. Vejam e votem, se assim o entenderem. Eu acho que merecem.  

* Não me saiu da cabeça ao longo de grande parte do filme. Assim, na voz de Caymmi.

17 de junho de 2012

Gostar de clarabóias.







Porto - Março e Abril de 2012

*

Bati um bolo de iogurte - uma daquelas receitas simples, deliciosas e infalíveis, embalada por esta obra-prima, para ser comido domingo fora, por todos, em casa dos avós. Depois, de alma cheia e olhos marejados, ainda amassei um pão integral com aveia e sementes de sésamo e linhaça, um vício saudável que enriquece grande parte dos meus pequenos-almoços. 
Tive a casa só para mim durante um par de horas e consegui adiantar algumas coisas do trabalho intenso que os próximos dias deixam adivinhar. Comi uma sopa de espinafres, fresquíssimos, que me soube pela vida e deixei-me estar deitada em cima da cama durante uma boa meia hora a ouvir música e os meus pensamentos, nem sempre de uma forma síncrona. 

E cheguei, uma vez mais, a uma conclusão nada surpreendente - preciso de tão pouco para ser feliz. Outros dirão que busco o impossível e que a felicidade assim, tão simples, não existe. Será que já se deitaram na terra, numa noite quente do Verão transmontano, a olhar o céu límpido, estrelado e com o luar mais bonito que existe?