16 de fevereiro de 2011

Ich vermisse Berlin.










Berlim - Julho de 2011

Berlim surge-me como uma metáfora. Não é que não tenha saudades da cidade, que tenho. Muitas. Mas do que eu sinto mesmo falta é de sonhar. Sonhar a minha própria vida, mais do que as dos outros. E vivê-la, já agora. Ultimamente sinto-me constantemente fora da minha pele, como se vivesse uma vida que não me pertence e à qual eu não pertenço também. Sinto-me presa, bloqueada, frustrada. Preciso de levantar asas novamente. Não para fugir ao que quer que seja, mas para ir ao encontro de mais, outras visões, outras formas de estar na vida, outros hábitos, outras culturas, outras gastronomias, outros mundos...sobretudo, ir ao encontro de mim mesma. 
Não se trata sequer de não acreditar no meu país, de as coisas não estarem fáceis, de o pessimismo se estar a alastrar, de não me sentir realizada. É muito mais do que isso. É uma necessidade de partir, para mais tarde poder voltar sem este buraco que trago na alma, este vazio que me está a corroer a cada dia. Será que não consegues preencher esse vazio por aqui mesmo?, perguntam-me, sem perceberem este meu jeito saltimbanco, esta urgência em fazer as malas e seguir viagem. Uns chamam-lhe inconstância, imaturidade, teimosia, capricho, traição à pátria (pergunto-me se o Infante terá ouvido coisas semelhantes, mal comparando, como é óbvio). Outros dizem que é ingenuidade, uma ilusão, filmes e livros a mais. Poucos são os que compreendem e apoiam verdadeiramente. Poucos entendem o quanto estas minhas aventuras por outros sítios que não aquele onde, segundo eles, era suposto alicerçar a minha vida, me enriquecem, me fazem ser eu própria, me permitem dar o melhor de mim mesma. Mesmo muito poucos são os que se identificam com esta minha alma de viajante.
Estou a precisar de traçar os planos certos e de voltar a ter as rédeas da minha própria vida. Tenho que me permitir concretizar os meus sonhos e não os dos outros. Para isso, estou a precisar de uma boa dose de coragem para deixar tudo para trás e seguir os conselhos da vozinha que não se cansa de me dizer ao ouvido, bem baixinho, vai, sem medo, todos por aqui vão ficar bem, não és assim tão indispensável.

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