Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia deixou-nos há exactamente 16 anos... tenho dela uma imagem bastante nítida, apesar de ser ainda bastante nova quando faleceu. Guardo na memória, sobretudo, a sua presença singular e a sua voz. Hoje, mais uma vez, senti saudades.
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