16 de março de 2009

Saudades de Natália...

Auto-retrato 
Espáduas brancas palpitantes: 
asas no exílio dum corpo. 
Os braços calhas cintilantes 
para o comboio da alma. 
E os olhos emigrantes 
no navio da pálpebra 
encalhado em renúncia ou cobardia. 
Por vezes fêmea. Por vezes monja. 
Conforme a noite. Conforme o dia. 
Molusco. Esponja 
embebida num filtro de magia. 
Aranha de ouro 
presa na teia dos seus ardis. 
E aos pés um coração de louça 
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia deixou-nos há exactamente 16 anos... tenho dela uma imagem bastante nítida, apesar de ser ainda bastante nova quando faleceu. Guardo na memória, sobretudo, a sua presença singular e a sua voz. Hoje, mais uma vez, senti saudades.

Sem comentários: