Pedro lembrando Inês
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios? "Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fundo do mundo que me deste.
- Nuno Júdice -
3 comentários:
Para mim uma das melhores definições que a lírica fez do amor. E o bailado já agora, é muitíssimo bom também, já vi no CCB e faz-nos tremer do lugar.
Por isso é que sempre foi fácil ter coisas em comum contigo, porque sempre tiveste bom gosto ;)
Um beijinho!!
...
...penso que nunca o daçámos no CCB
mas posso estar enganada(?)
:)
abraço.
A.
*
nunca vi o espectaculo mas sempre fiquei curiosa porque vem imagens no meu livro de portugues do ano passado!!
*
Enviar um comentário