apetece por vezes com os dias morrer por um pequeno
instante e deixar os fogos soltos na areia. acrescentar
água à face e perturbar os sentidos em busca da única
luz ou então sentar os movimentos e escrever a uma
amiga. dizer assim como quem fala: que espécie rara
de deus é o teu? a vida é ficar abraçado às dunas
apenas se há dois braços de areia por quem sonhar.
vir então aos poucos contando os mastros do verão
cumprindo o desejo das cartas de mar e assim mesmo
confundir todos os relógios da rota apenas para ter
mais tempo para ficar. o resto é saber o alfabeto de
cor até ao fim para que as palavras vão nascendo
devagar até ser sonho no sono dos dias ou ser sono
dentro de mim
- João Luís Barreto Guimarães -
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