9 de setembro de 2009

A transparente anêmona dos dias...

Aquele que profanou o mar

E que traiu o arco azul do tempo

Falou da sua vitória

 

Disse que tinha ultrapassado a lei

Falou da sua liberdade

Falou de si próprio como de um Messias

 

Porém eu vi no chão suja e calcada

A transparente anêmona dos dias.


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O meu país sabe as amoras bravas

no verão. 

Ninguém ignora que não é grande,

nem inteligente, nem elegante o meu país,

mas tem esta voz doce

de quem acorda cedo para cantar nas silvas.

Raramente falei do meu país, talvez

nem goste dele, mas quando um amigo

me traz amoras bravas

os seus muros parecem-me brancos,

reparo que também no meu país o céu é azul.


- Sophia de Mello Breyner Andresen -

 

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