"(...) Nunca mais teremos remorsos por passarmos meses e meses sem falar com a tia Carlota, ou com a prima Felisbela que é tão nossa amiga, coitadinha, mas também tão chata e, se a gente cai em ligar-lhe, acabamos por perder o episódio da "Anatomia de Gray" em que, pela 500.º vez, a Meredith manda o dr. Sheppard às malvas.
Há uma gama infinita de textos que só querem o nosso bem.(...)
E ficamos a saber que um amigo é aquela pessoa para quem tu vens sempre em primeiro lugar, para quem podes ligar a qualquer hora da manhã, da tarde, da noite e da madrugada porque está sempre disponível e, viva onde viver, vem a voar se sonha que precisas dele. E então a gente clica e manda aquilo para todos os que estão na nossa lista de contactos, sem esquecer de os separar por vírgulas, e por isso no espaço de segundos todos recebem exactamente o mesmo texto, mas não faz mal - e embora a gente não tenha tempo de fazer um simples telefonema para dizer "olá", garantimos, por interpostas pessoas, que estamos disponíveis para tudo e para todos.
E que, virtualmente, amamos o mundo inteiro."
- Alice Vieira, aqui! -
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