6 de março de 2008

O Bolhão, os mercados e as cidades...

Exterior do Mercado do Bolhão - Porto

«(...) Uma cidade tem de ser habitada e vivida por dentro e os mercados são uma parte histórica da vida das cidades. (...)


Interior do Mercado do Bolhão

A lição do Parque Mayer e a da irresponsabilidade dos governantes não foi aprendida. No Porto, uma empresa holandesa propõe-se, com contrapartidas irrelevantes, um milhão de euros e um por cento dos lucros ao fim de 10 anos, ficar com a concessão do Bolhão por 50 anos e destruir todo o mercado deixando apenas a fachada, e "arrumando" os vendedores num andar como animais no zoológico, numa espécie de parque temático. Olhem e vejam o que era um mercado antigamente. O negócio é uma mina de oiro, lojas e habitação, estacionamentos, o costume. Mais um centro comercial onde já existem dois ou três, iluminados a luz branca, artificiais e clínicos, com as "franchises" do costume. (...)


Mercado La Boqueria - Barcelona

Em Lisboa, os mercados vão também acabando, "reconvertidos". Veja-se a morte da Ribeira, que era um mercado belíssimo para ir de manhãzinha e uma tradição que devia ter sido preservada e recuperada. A Câmara devia ter gasto dinheiro a tentar fazer os que se fez em Barcelona com La Boquería e com outros mercados, revitalizando os pontos de venda, investindo na formação e nas estruturas, abrindo restaurantes e balcões de comida, ajudando à recuperação do mercado como ponto de encontro cívico e humano e lugar de felicidade. E onde seja possível comprar flores e produtos frescos e escapar ao mundo liofilizado do hipermercado.(...)
La Boquería é um dos lugares mais visitados e desfrutados de Barcelona, e lembra um bazar do Oriente, aberto e simples, cheio de coisas para comer e beber. Os mercados ao ar livre do Cairo ou de Telavive, de Mumbai ou de Londres, existem para nos lembrar um modo de vida mediterrânico e oriental, autorizado pelo calor e o clima. E, mesmo num clima frio, os mercados resistem porque fazem parte da vida da cidade.(...)

Cansaço e palhaçadas depois de uma bela e proveitosa visita ao La Boqueria

Rui Rio tem governado até aqui como quis e muitas vezes contra a cidade. Se levar para a frente a sua intenção de se desfazer do Bolhão e assim autorizar a sua destruição, apesar do grande movimento cívico contrário, vai cometer o erro político da sua carreira. Pode ter a certeza de que a cidade perderá história e não ganhará progresso nem beleza. E a cidade não lhe perdoará. Terá o agradecimento da TramCroNe. Não chega. Com esta decisão, Rui Rio pode bem f...-se, com a devida licença e reticências. Tal como o Porto e o Bolhão.»

- Clara Ferreira Alves, aqui! -

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá prima.Que pena que eu tive quando fui ao Porto e o Bolhão estava fechado, pelos vistos perdi a minha oportunidade de conhecer um dos mercados mais característicos do Porto e do país. Enquanto os governantes prezarem mais o encher dos cofres à custa do esvaziamento da nossa cultura e tradições,ignorando a história e as vidas dos foram e são a alma do daquele espaço, continuaremos a ficar irremidavelmente mais pobres.
"Biba" o Bolhão!

Aquele abraço*